quinta-feira, 31 de julho de 2014

Tal como o cronista regressa sempre à crónica, também o amante da boa mesa regressa sempre aos santuários da gastronomia. Foi o que fiz na última segunda-feira na companhia de Nélson Oliveira, amigo desde dos dias mimosos da infância e hoje engenheiro sábio a dizer CIN às cores, e de Jorge Tavares, que como eu foi fazedor de jornais, quando fazer Jornalismo era mudar o Mundo...
O santuário de que aqui falo é o "Neptuno", mesmo em frente à sede da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP), na Rua Rodrigues Sampaio, 133.
(O Neptuno foi a minha casa durante vários anos. Sobretudo, quando aos domingos ali jantava com Amigos e Camaradas de profissão e de afectos, sob a batuta de Augusto Cardoso - o Cardosão do JN - sempre excelente a manejar o verbo.)
E, acreditem, foi um regresso em cheio. Desde logo pela simpatia calorosa do senhor João Fernandes, o proprietário da casa, e do sr. Rui, que há muito ali presta serviço com a mestria própria de quem sabe do seu ofício- O sr. Rui aconselhou-nos  três pratos:
- Filetes de pescada;
- Filetes de bacalhau fresco;
- Meios bifes de alcatra de bovídeo de Vinhais - terra mãe do senhor João - e que desde sempre é a única carne que entra neste "Neptuno", acolhedor e sóbrio que desde da década de 50 do século passado vive paredes-meias com o Teatro Rivoli, em pleno coração do Porto.
Optamos pelos meios bifes e não nos arrependemos. Carne tenra, saborosa, feita e condimentada com a mestria dos eleitos. A acompanhar um "tinto" do Douro (Essencia), soberbo, que chegou à mesa com a temperatura certa. O repasto finalizou com uma fatia de melão, bem apimentado.
Voltaremos mais vezes, claro.
O Neptuno é santuário que merece a nossa peregrinação.
Além do mais, o meu amigo senhor João Fernandes nem me obrigou a fazer nenhuma penitência por tão grande período de pecaminoso afastamento.


Soares Novais

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Desbarato

O desbarato mais absurdo
não é o dos bens de consumo,
mas o da humanidade:
milhões e milhões de seres humanos
nasceram para ser trucidados pela História,
milhões e milhões de pessoas
que não possuíam mais do que as suas simples vidas.
De pouco ela lhes iria servir,
mas nunca faltou quem de tais miudezas
se tivesse sabido aproveitar.
A fraqueza alimenta a força,
para que a força esmague a fraqueza.

José Saramago

terça-feira, 1 de julho de 2014

Homem de palavra e das palavras.
Culto, exigente, informado.
Afectuoso e solidário.
Carlos do Carmo é nosso.
Como José Saramago e Manuel da Fonseca.
Como Sofhia e Urbano Tavares Rodrigues.
Como Ary.
Carlos do Carmo é dos poucos de nós que merece todo o nosso miminho.
E merece o Grammy que a sua carreira justifica.


Soares Novais