segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Maria da Fonte contra o abismo.

Soares Novais


1 – Soube-se há dias: um casal de jovens desempregados tem como “casa” o arco de uma ponte do rio Este, em Braga. Alexandra trabalhava numa empresa de limpezas e Luís foi técnico de informática, na Mota Engil  - um dos donos de Portugal.
Ambos foram despedidos em nome de uma “crise”, que garante 135 mil euros de reforma mensal a Jardim Gonçalves, católico da “Opus Dei”, com ligações ao Minho e cujo valor da pensão já quase fez engasgar o Arcebispo de Braga.
Alexandra e Luís são apenas dois rostos tornados públicos de um empobrecimento generalizado, que está a conduzir cada vez mais pessoas para “o abismo” segundo o presidente da junta bracarense de S. Vítor.
Um empobrecimento generalizado que faz com que o único albergue de Braga, destinado a pessoas com os problemas da Alexandra e do Luís, tenha à sua porta uma placa a dizer “lotação esgotada”.

2 – A “crise”, que também é responsável por um cada vez maior número de jovens chegar à escola com o estômago vazio, também bate à porta das instituições de Ensino público.
É o caso de Universidade do Minho cujo reitor, posto perante os cortes de verbas previstos no Orçamento para 2013, admite acabar com as aulas nocturnas e aos sábados, não ligar o aquecimento e rescindir contratos.
Já se sabe: o Orçamento do trio Passos, Portas & Gaspar é uma arma de destruição maciça da classe média e dos mais pobres de nós. Sucedem-se os protestos e neles participam as mais diversas classes profissionais. Como os empresários da restauração e os farmacêuticos,  que até agora pouco ou nada eram dados a manifestações de indignação.

3 – Perante tal empobrecimento generalizado, há quem clame a urgência de uma nova Maria de Fonte. A heroína do Minho que deu nome a uma revolta popular começada na Primavera de 1846.
A revolta liderada por Maria da Fonte foi o culminar de uma luta contra a fúria fiscal do governo de Costa Cabral e a privatização e expropriação dos bens públicos, sendo que o rastilho foi a proibição de enterrar os mortos nas igrejas e a obrigatoriedade de pagar um imposto para serem enterrados em espaços públicos, nos cemitérios.
Hoje, também as classes médias e populares são esmagadas por impostos e os bens públicos, porque usufruídos por todos,  são vendidos ao desbarato.    Há evidentes semelhanças entre as opções ideológicas de Costa Cabral, no século XIX, e aquelas que norteiam a acção do dueto Passos & Portas, no século XXI.
Passos & Portas, tal como Cabral, estão ao serviço de outros que não do povo. Daí, pois, a urgência de uma nova Maria da Fonte.   De uma Maria da Fonte que impeça a sepultura dos vivos!


 Crónica publicada
 no dia 30 de Outubro     no semanário


O prof. Marcelo é um brincalhão.

O professor Marcelo disse, na sua habitual missa dominical,  que “uma remodelação a sério implicava tirar Miguel Relvas”.
É um brincalhão, este Marcelo.
Para isso acontecer era preciso o país ter um Governo "a sério".
Ou, pelo menos, um primeiro-ministro "a sério".

Soares Novais

domingo, 28 de outubro de 2012

O doutor Relvas faz-me rir.

Há tipos que sempre que dizem estar de "consciência tranquila"
e falam em "dignidade" fazem-me rir.
O doutor Relvas é um deles.


Soares Novais

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Caldo verde paga IVA de jóia.


Soares Novais






1 – É boa e rica a Cozinha Minhota.
Tão boa e rica que Ramalho Ortigão, Júlio Diniz e Camilo Castelo Branco, entre outros grandes Chefes da grande Literatura portuguesa, elogiaram a excelência dos seus sabores em prosas de fazer crescer água na boca.
Também o escritor Manuel Joaquim de Boaventura (Esposende, 1885/1973) evidencia os prazeres proporcionados pela gastronomia minhota. E fá-lo, desta forma soberba, em “Zé dos Telhados no Minho (Papelaria Liz, Barcelos, 1960), quando descreve o menu da Estalagem da Barca do Lago: “O moreno arroz de lampreia – do fugir pr’á cozinha, o capão de recheio, o anho ou trancão de vitela no espeto, o arroz de alguidar, colorido com açafrão e de aroma pascal, faziam o deleite dos glutões (…). Tudo era de lamber os dedos”.

Se juntarmos a estes manjares de deuses, o bacalhau à  Gil Eanes de Viana do Castelo , o cozido e as “caralhas”, os rojões e o sarrabulho de Ponte de Lima, o cabrito de Arcos de Valdevez e o cabrito avinhado de Romarigães, a perdiz e o coelho bravo, o sável com mílharas, a excelência do “Alvarinho” e do vinho verde; e, claro, o talento das cozinheiras minhotas, percebe-se a razão pela qual o Minho é santuário de eleição para milhares de peregrinos gastronómicos. Além do mais, di-lo Ramalho Ortigão,  o Minho é “a porção de céu e de solo mais vibrantemente viva e alegre, mais luminosa e mais cantante” de Portugal.


2 – Todos estes predicados, fizeram das terras minhotas um destino turístico por excelência. Um destino turístico recheado de capelas e capelinhas de bem comer. Graças à simpatia das suas  gentes e de micro, pequenos e médios empresários de restauração que agora vêem o seu futuro posto em causa.  Atente-se, num recente comunicado do CEVAL – Conselho Empresarial dos Vales do Lima e do Minho:
“Dezenas de empresas do sector da restauração e similares do Alto Minho correm o risco de fechar as portas se o próximo Orçamento de Estado não baixar o IVA de 23 para 6%.”

Este grito de alerta dos empresários da Restauração minhota, que é o mesmo que outras centenas de empresários fizeram ecoar junto à Assembleia da República, chama ainda a atenção para o facto de  "a manter-se a actual taxa de Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) serão aniquilados centenas de postos de trabalho" só no distrito de Viana do Castelo. Tal cenário, diz o CEVAL, pode representar “uma crise social sem procedentes para o Alto Minho”.

Alto Minho que, como se sabe e bem recorda o presidente do CEVAL, sente “os efeitos da introdução intempestiva da portagens nas ex-Sucts, além da ausência da concretização de investimentos estruturais previstos há vários anos».  Sabe-se, ainda, que entre «Julho de 2011 e Julho de 2012, a média nacional de quebras de vendas na restauração e similares é de 30% a 40%” e que “as margens de lucro baixaram no mesmo período entre 40% a 45%”.  E tudo se agravou quando a taxa do IVA aplicada ao sector da Restauração passou de 13% para 23%.
Ou seja: quando um caldo verde passou a pagar tanto de IVA como a mais cara jóia!


3 – Esta malfeitoria, decidida por quem não conhece a realidade do país e se junta a outras malfeitorias como o aumento generalizado de impostos por exemplo, coloca o sector do Turismo e da Restauração sob a ameaça da falência generalizada.
Uma desgraça, já se vê.
Uma desgraça que fará com que o caldo verde, volte a ser comida de pobres, “daqueles que trabalhavam no campo”, comido em casas cada vez mais habitadas por gente sem esperança e sem futuro.  E longe, bem longe, das mesas de um sector que tem 100 000 postos de trabalho sob ameaça.

Crónica publicada no dia 23 de Outubro no












quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Cardeal da Troika.

por César Príncipe [*]
José Policarpo, cardeal patriarca, exerce o múnus em Lisboa, havendo nascido nas Caldas da Rainha, em 1936, ano de grandes clamores na Ibéria: a Revolta dos Marinheiros, em Portugal, a criação do Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde, a Guerra Civil, em Espanha. O local e o tempo da aparição da futura Eminência aconselharia sentimentos de pudor e estremecimentos democráticos, então como hoje, época de hipersensibilidades e definições pró ou contra-civilizacionais. Bem conhece Dom José a heráldica caldense, materializada nos erectos falos da Autoridade e na figura esquiva do Povinho. Mas conforme o narrado nesta crónica da República, Dom José não liga ao Zé. Decididamente. Provocatoriamente.

Milagre do Sol ou terramoto ?

No dia 13 do corrente, Dom José pregou e praguejou perante 150 mil fiéis, na tribuna de Fátima, assinalando o 95º aniversário do milagre do Sol. Aproveitou o purpurado para desvalorizar e até censurar as manifestações populares contra a austeridade ou o roubo ou a Arte de Furtar. [1] Certamente a crise não bateu, não bate e não baterá à porta do patriarca. No entanto, a grande maioria da audiência mariana que se dignou escutá-lo está a ser vítima de confisco, esbulho, saque, terramoto fiscal, assalto à mão armada, bomba atómica. Dom José amaldiçoou as manifestações dos pagantes dos prejuízos do BPN, das vorazes PPP`s, dos submarinos de águas turvas, das malversões de fundos europeus, do regabofe de consultores e assessores, dos traficantes & corruptos, da agiotagem da Dona Merkel & de seus SS/Sócios Sanguessugas. O paramentado orador puxou dos galões da dogmática (que lhe é curricularmente cara) para advertir e instruir os peregrinos mais ou menos como se segue: Cordeiros do BPN, da UE e do FMI, manifestações, Filhos, só de fé, perdão, resig(nação). Nada de cólera profética e inquietação ética, muito menos de indig(nação) cívica. Andam por aí a cantar: Acordai! Acordai! Haverá coisa mais bela do que uma pátria adormecida? Que ninguém vos acorde da inocência e da indigência. Recolhei a casa e ao seio da santa madre. A rua é local de todas as tentações. Não participeis no adeus ao Governo. Reservai os lenços brancos para o adeus à Virgem e para mostrar desagrado aos treinadores de futebol.

Pax germânica

Com tal prédica, o lustre caldense pretendeu ofuscar e reconverter milhões de portugueses, reactualizando a mensagem de 1917, altura em que o astro-rei dançou e tanto bastou para que a História imediatamente se movesse: a 7 de Novembro eclodiu a Revolução Bolchevique; a 8 de Dezembro deu-se o Golpe de Sidónio Pais. Dom José algo terá lido na abóbada celeste que o incitou a uma cruzada contra as manifestações (orgânicas e inorgânicas). Diremos: contra certas manifestações. De facto, Dom José presidia a uma manifestação de massas, por ele transformada em contra-manifestação. De facto, sempre demasiadas eminências e reverências prezaram a manutenção da ordem no aprisco e a recondução de ovelhas tresmalhadas. A doutrina social da Igreja (que temporariamente constituiu um avanço conceptual e um activo evangélico) oscila, hoje, entre dois paraísos para os ricos (os fiscais, em vida, os da Grande Nebulosa Misterial, gozados os terrenos) e dois infernos para os pobres, principalmente para os que não acalmam os mercados, promovendo manifestações, vigílias e greves, naturalmente fora de recintos marianos e sem obedecer ao cantochão e ao cânone. Ocorre ainda uma coincidência (acidental ou planeada): a Igreja Romana é chefiada por um patriarca alemão e a Europa é comandada por uma matriarca alemã. Estamos sujeitos a um novo diktat germânico. Se Pio XII, sendo italiano, foi justa ou incorrectamente considerado o papa de Hitler , Bento XVI poderá vir a ser considerado o papa de Merkel. E Dom José, neste Redesenho do Mapa Imperial, será ou a Igreja consentirá que venha a ser o Cerejeira possível? Dado seu passado e dada a sua idade, sem grande espaço vital para recredibilizar o Verbo, Dom José arrisca-se a ficar como uma Cátedra da Merklândia e uma Catedral da Teologia dos Mercados.

Fonte Luminosa e pistola na batina

Vamos ao Calendário das últimas décadas: em 1975, Mário Soares reuniu-se com o cardeal António Ribeiro, antecessor de Dom José e seu companheiro de incensos tabágicos, degustações místicas e confidências da Ceia dos Cardeais. O patriarca da transição da ditadura (1971) concertou com o incréu Soares uma convocatória diocesana para a manif. da Fonte Luminosa; em 1975, Dom Francisco Maria da Silva, primaz das Espanhas, encabeçou, de pistola sob a batina, uma manif. contra a Revolução, que culminou com a sede do PCP em chamas; [3] em 1982/1984/1995/2007, a Igreja mais legionária assanhou as hostes contra a despenalização da IVG, proclamando o dever de resistência por todos os meios legítimos. [4]

Felizmente para a Igreja e para o Povo, outros bispos, padres e numerosos cristãos defendem o direito e o dever de resistência a medidas de usurpação de bens, rendimentos e direitos legítimos, atentatórias da justiça e da liberdade, da soberania institucional e da independência nacional. O Zé Povinho está a redescobrir, a densificar e a intensificar a democracia participativa, depois de continuados abusos e desenganos de eleitos sem consideração pelos eleitores. Os tais eleitos do Senhor ou do Arco do Poder . A democracia representativa mostrou os seus limites e os seus desvios, as suas perversões e as suas capturas. Mas há casos de excepção. Dom José, ouviste falar do presidente da Câmara das Caldas da Rainha que, embora do PSD, principal partido do Governo, exprimiu apoio à manifestação da CGTP, que encheu e fez transbordar o Terreiro do Paço? [5] Não estarás a ser mais passista e gasparista e troikano do que o edil? Não poderás ter abdicado do papel de denúncia e de irmandade? A Igreja prescindiu de qualquer relevante missão? O ídolo Ronaldo é, na alvorada do século XXI, o mais notório agente de cristianização da Península?

O Melhor Povo do Mundo

Para terminar, Dom José, recordarei à Igreja uma passagem do cronista do Reyno: [6] em 1383, sentava-se na cadeira episcopal Dom Martinho, que se terá escusado a mandar tocar os sinos a rebate para que o povo de Lisboa formasse um escudo à roda do Mestre de Avis contra Castela, que ambicionava ocupar o trono português. Martinho foi lançado de um torreão da Sé, caindo do céu aos pés da arraia, que lhe arrancou as roupas e arrastou o cadáver (nu, ensanguentado, politraumatizado) até ao Rossio, sendo entregue à algazarra do garotio e à volúpia dos cães. A evocação nada tem a ver com qualquer justificação da barbárie, Dom José. É apenas um lembrete para aqueles que consideram os portugueses um manso rebanho, de brandos costumes. incapaz de violência contra o Poder, mau grado toda a violência do Poder. Já Spínola exaltava o Bom Povo Português (o da maioria silenciosa). Escapou-se para o exílio e montou uma rede bombista. Gaspar também massacra o Melhor Povo do Mundo . Quando irradiado, só terá propensão para montar uma rede bancária. O BPP e o MPM não serão apólice de seguro. São ficções adulatórias. Não passam de slogans de conveniência. Elogiar a vítima faz parte do pathos dramatúrgico. O algoz ostenta ar compungido para aliviar a repugnância do acto. É dos Manuais de Etiqueta dos Inquisidores. Explosão social no horizonte – alertam ex-presidentes da República e outros sismógrafos multimédia. Para já, o melhor do mundo chama gatuno e o pior do mundo a quem o enaltece e alguns inorgânicos ameaçam tirar-lhe a tosse. Veremos como a arraia do século XXI corresponderá aos piropos de Gaspar, criatura com fácies de homem-rã do Além, mas, na verdade, braço executório das forças do capital, da ocupação e da capitulação.

Dom José, quanto ao que vos respeita, que o Sumo Pontífice vos permita resignar nos próximos meses, em paz com as ruas, procurando retiro espirituoso nas Caldas de Dona Leonor & Raphael Bordallo Pinheiro.
1. Arte de Furtar, 1652. Provavelmente editada em Lisboa, mas dada como impressa na Officina Elzeviriana/Amesterdam, para iludir a Mesa Censória. A publicação é tradicionalmente atribuída ao padre António Vieira, mas correm diversas teses autorais.
2. A Ceia dos Cardeais, 1902. Peça teatral de Júlio Dantas (1876-1962).
3. Paris Match, n.º 1369, 23/08/1975.
4. Enciclopédia Verbo, vol. I, Aborto, Edição Século XXI.
5. Presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Fernando Costa, manifestou-se solidário com a manifestação da CGTP. 29/09/2012. Imprensa do dia.
6. Cronista do Reyno, Fernão Lopes (1380?-1460), Chronica del Rey D. Joam, 1644. Versão digital/Biblioteca Nacional/Torre do Tombo. Ficha bibliográfica 1002968.


Este artigo encontra-se também em http://resistir.info/ .

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Vosselência está a lixar-nos!

Soares Novais





1 –  “Número de inscritos nos centros de emprego sobe 23,4% em Setembro”;
“Mais 10 mil licenciados no desemprego num mês”;
“Número de professores do secundário e superior desempregados aumenta 70% em Setembro”;
“Subsídio de desemprego com corte de 6%”;
“Pensões acima de 1350 € cortadas entre 3,5% e 10%”;
 “Carros pagam mais imposto de circulação”;
“Sobretaxa de 4% no IRS começa a ser paga em Janeiro”.

Estes são alguns dos títulos dos jornais das últimas horas.
Títulos que foram sendo fabricados à medida que o dueto Passos & Portas resolveu mostrar à opinião pública parte da arma de destruição maciça que é o seu orçamento para 2013.
Uma arma de destruição maciça que as próximas horas vão confirmar para desespero de milhares de famílias portuguesas.
Sobretudo da chamada classe média que há muito é acossada por impostos -  chamem-se eles IRS, IVA, taxas moderadoras ou  outra coisa qualquer.
Bagão Félix, militante centrista e antigo ministro, foi certeiro na sua critica:
“Trata-se de um napalm fiscal”.
Por seu turno,  Luís Marques Mendes, ex-deputado. ex-ministro e ex-presidente do partido que agora tem como líder Passos, clamou:
“É um assalto à mão armada”.
Portas, convenientemente, está calado como um rato.
Mas Passos, quiçá menos inteligente e lúcido, subiu à tribuna da Assembleia da República para dizer aos críticos que usar expressões como “roubo”, por exemplo, é uma forma de “instigar à violência”.
Assim, duma penada,  Passos mete no mesmo “saco” democrata-cristões, social-democratas, comunistas e todos aqueles que,  mesmo não tendo partido, descem às ruas para clamar contra o roubo que se avizinha. Era assim que acontecia no tempo da Outra Senhora, lembra-se caríssimo leitor?

2 – “Mas o que temos de fazer exige no momento atual custos e sacrifícios que também não podemos minimizar. O esforço que o Orçamento do Estado para 2013 implicará para todos os portugueses, principalmente para os que têm mais meios para lhe corresponder e para o próprio Estado, é a nossa resposta para salvaguardar a presença europeia, as instituições do Estado social e as condições de recuperação da economia nacional. As opções são extremamente limitadas e os nossos graus de liberdade são reduzidos. Nessa medida, explorámos todas as combinações e alternativas, procurando as que, cumprindo as nossas metas, fossem também menos pesadas no presente e mais eficientes no futuro. Ninguém nos pode acusar de não ter ponderado nem tentado  as diferentes possibilidades. Era esse o nosso dever para com os portugueses e era essa a nossa obrigação diante dos sacrifícios e da determinação de que todos os dias dão provas."

Este foi o trecho do discurso que o primeiro do dueto omitiu na sua última prestação na Assembleia da República.
Trata-se de um texto literariamente pobre.
Um texto que bem poderia ser produzido e assinado por um qualquer TOC, cuja visão da vida e do mundo se quede por uma folha de Excel.
Definitivamente, esta “raça de homem” que “paga as dívidas”, mesmo que não sejam da sua responsabilidade, não passa de um aluno reverente, que nasceu para cumprir ordens.
Para cumprir ordens e zelar pelos interesses dos ricos e poderosos, que lhe garantem o seu futuro e o dos seus.

3 -  José da Cruz Policarpo disse, em Fátima, que a democracia na rua corrompe a "harmonia democrática".  Já sabíamos que o cardeal de Lisboa não lê os mesmos evangelhos que Januário Torgal Ferreira ou Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, por exemplo.
Mas uma coisa é certa: as suas declarações esclarecem-nos quanto ao lado que ele escolheu. Definitivamente.
A minha dúvida é saber se Jesus Cristo, que as escrituras sagradas nos dizem ter preferido os miseráveis aos poderosos vendilhões do templo, será suficientemente magnânimo para lhe perdoar tal escolha.


Crónica publicada no dia 16 de Outubro no semanário


domingo, 14 de outubro de 2012


Soares Novais


Adriano morreu há 30 anos.
Em Outubro, mês de Revolução, mês de Esperança.
Temos obrigação de o manter vivo.
Temos a obrigação de impedir que calem a sua Voz, a nossa Voz.
A Voz de todos aqueles cujo único compromisso é com a Vida.
O Adriano Correia de Oliveira, anjo rebelde, gigante com coração de menino, fraternal, solidário, deixou marcas em todos nós.
Tenho Saudade de Adriano. 
Temos saudades de Adriano.
Tenho Saudade da sua Voz.
Temos saudades da sua Voz - limpa e comprometida.
Agora que se cumprem 30 anos sobre a sua morte, aqui  estou,  aqui estamos, a renovar o meu, o nosso, compromisso com o Futuro. Com Abril e Maio.


Nota: O desenho que aqui se reproduz é do Pintor Roberto Machado, amigo de sempre de Adriano. Foi este o desenho que escolhi para fazer a capa do livro "ADRIANO SEMPRE", que editei em 2007, sob a chancela Arca das Letras. Neste desenho de Roberto Machado, Adriano é Adriano. Belo e determinado, combatente e fraternal. Como sempre foi e sempre será.  Aqui renovo o meu agradecimento ao Roberto Machado, Grande Amigo e Camarada de Adriano; meu Grande Amigo e Camarada.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Curso de cães de guarda.

“Curso de Chiens de Garde” é o título do novo livro do escritor e jornalista César Príncipe, cuja sessão de apresentação está marcada para amanhã, dia 12 de Outubro, às 19 horas, na Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP).

Editado pela AJHLP, na sua colecção Memória Futura, a obra vai ser apresentada pelo Professor Manuel Pinto, director do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho, em cujo Instituto de Ciências Sociais (Departamento de Ciências da Comunicação é docente e investigador), e vice-presidente para a Europa da MENTOR – International Association of Media Education.
Organizado em 20 “aulas”, o livro é uma colectânea de estudos e de crónicas refundidas que César Príncipe tem vindo a realizar e a publicar sobre problemas e condicionalismos do exercício da profissão, os grupos económicos, a censura e a auto-censura, as formatações e as dominações ideológicas no aparelho comunicacional.
César Príncipe, de 70 anos, foi jornalista no “Jornal de Notícias” entre 1968 e 2000, tendo publicado desde 1960 obras de poesia, ficção, literatura documental, crónicas e manifestos:
LITERATURA DOCUMENTAL
Os Segredos da Censura, 1979, Editorial Caminho. 4.1 ed. Esg.
Sá Carneiro: quem é, 1980, Editorial Nova Crítica. Esg.
Cartas e Confidências de Mário Soares, 1986, Livrografe/Heska. Esg.
Na URSS a Convite de Deus, 1986, Edições Progresso. Esg.
Aqui Jaz Ary dos Santos, 2005, Arca das Letras. 2.1 ed. Esg.
O Assassino Ameaçado, 2005, Arca das Letras. Esg.
Aborto no País da Virgem, 2007, Arca das Letras. Esg.
Expresso & Avante! /Dois Espelhos do Mundo, 2009, AJHLP
Curso de Chiens de Garde, 2012, AJHLP
MANIFESTOS
Realismo Transcendente, 1964, Jornal de Letras e Artes.
Romantismo Electrónico, 1969, GaleriaAlvarez. Esg.
Vermifesto, 1994, Galeria de Arte Rui Alberto
Multi-Realismo, 2005, Vértice
Anti-PU!, 2008, Arca das Letras. Esg.
CRÓNICA
Crónicas Imprudentes, 1992, Lello & Irmãos Editores. Esg.
Festas & Funerais, 2002, Campo das Letras. Esg.
POESIA
Himenóptero Polimorfo, 1960. Esg.
Loucura no Deserto, 1961, Oficinas Pax. Esg.
Verdura nos Papiros, 1963, Barbosa & Irmão. Esg.
Correio Vermelho, 2008, Seara de Vento. Esg.
Lvcíadas, 2008, Seara de Vento. Esg.
Poemas de Megafone, 2011, Seara de Vento
FICÇÃO
Teatro/Seiva Trupe
Um Cálice de Porto, 1982.
Porto do Século, 2000.
O Casamento, 2002.
Ementas do Paraiso, 2004, Campo das Letras. Esg.
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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A edição literária, hoje.

Arsénio Mota


A cambalhota foi rápida. Efetivou-se nuns meses, de modo que o setor da edição literária nacional ficou virado de pernas para o ar. Já lá vão uns três anos e resta por aí ainda quem, escrevendo ou lendo livros, não tenha percebido claramente o que aconteceu e, portanto, estranhe a situação.
As principais editoras caíram na mão do poder financeiro. O livro reduziu ou perdeu de todo a sua dignidade cultural, transformando-se em objeto de negócio puramente lucrativo. Os autores literários mediáticos passaram a produzir para o mercado e os sobrantes viram-se obrigados a aceitar a condição de supranumerários senão mesmo a invisibilidade.
As consequências objetivas da viragem tinham de ser desastrosas nos planos da cultura e de uma normal renovação das linguagens literárias. Os autores de best-sellers, os nossos e os outros, proclamados escritores profissionais, produzem as obras (romances, muitos romances) que o mercado gosta de consumir depressa e em quantidades o mais possível industriais. Os editores querem que sejam os autores a vender com a força da sua imagem mediática e diligência aplicada no terreno, enquanto os próprios autores, profissionalizados, se tornam necessariamente produtores de obras vendáveis por «encomenda» do mercado.
Num pequeno país e, para mais, afundado em profunda crise, cabem poucos autores de best-sellers. A máquina da edição literária lança o preciso para funcionar e refuga os demais (não lucrativos). A comunicação social, orientada para a atualidade mediática que chama às luzes da ribalta os autores badalados, segue na corrente que, por outro lado, a inexistência de uma crítica pronta e atuante deixa correr sem baias.
O resultado ficou à vista. Os leitores, pegando nos livros à venda em supermercados, correios, papelarias e etc. (isto é, consumindo o que lhes metem pelos olhos dentro), estratificam o gosto em leituras padronizadas, feitas para eles pelos fabricantes de textos seguindo indicações estratégicas do marketing. Em suma, a edição literária torna-se monocórdica e repetitiva tanto quanto a imprensa, também caída em poucas mãos convenientes, é tendenciosa e unilateral.
O número das editoras e chancelas em atividade cresceu até à desmesura e a quantidade total  dos livros novos publicados a cada ano causa verdadeira estupefacção. As lojas e barracas de saldos de volumes a pataco mal esvaziam os armazéns atulhados com verbos de encher. Nas livrarias, os clientes arreliam-se porque, entre tanta livralhada, falta lá espaço para as obras de autores clássicos ou mesmo para obras lançadas há dois ou três meses e, se querem encomendar, o livreiro faz má cara - a distribuição está num caos.
Predomina na paisagem o preciosismo da escrita criativa com talento para extrair de  banalidades imenso suco de barbatana. Anemiza-se o envolvimento social do narrador, a palpitação humana autêntica na união sincera da arte com a vida. Boa escrita (liofilizada) não serve a boa literatura.
A intensificação da circulação desta literatura (dita descartável, light) espalha no terreno consequências indesejáveis a vários níveis. A mais saliente consistirá na imposição de um tipo de «cultura popular» capaz de submergir a cultura popular de raiz. Contribuirá também para estratificar nos seus leitores o conformismo ideológico, a debilidade do sentido crítico, o consumismo acéfalo.
Nesta situação confusa, ficam condenados a uma marginalidade nada inocente bons autores interventivos carecidos de «vedetismo» porque vendem pouco e devagar. Tinham editoras, leitores, renome, e a cambalhota reduziu-os quase ao emudecimento. Na sua visceral solidão, vêem-se constrangidos a conservar inéditos originais que não tiram da gaveta.
Mas agora são abundantes, numerosíssimos, os novos «escritores». Surgem e multiplicam-se pelos quatro cantos, parece que está na moda isso de publicar livros e qualquer estreante os publica, pagando a edição, com tiragens reduzidíssimas, do seu próprio bolso, e depois corre a vendê-los a conhecidos e vizinhos dos conhecidos. Escrevem, editam, distribuem e fazem venda direta - será este o caminho que resta aos autores não mediáticos?!
Quem isto escreve optou pela solução que se sabe: publica os seus livros com formato e-book numa plataforma da Internet. Nesse escaparate já alinhou dez títulos e pretende continuar. Os milhares de visitantes que os folheiam nada pagam ao autor mas deixam-no perfeitamente gratificado.
A conjuntura sociopolítica, dominada pelas ganâncias da máquina ultra e neoliberal que tudo oprime e devora, acicata a criatividade individual e coletiva. De qualquer modo, é preciso, é urgente elaborar respostas, rasgar saídas. A liberdade de expressão, a necessária renovação cultural e literária, e a democracia pedem-nas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Cães de guarda do PU.


Soares Novais


1 - Basta ver a generalidade dos canais televisivos, ouvir as rádios e observar as capas dos jornais para se concluir que os chamados Órgãos de Comunicação Social (OCS) instalaram-se no quarto do Poder e estão ao serviço do Pensamento Único (PU).
Um PU que não é abalado por algumas vozes e escritos, que os suportes em que se inserem procurarão apresentar como exemplos de Liberdade de Imprensa; mesmo que os “Contras” sejam sempre em menor número do que os “Prós”.
A Imprensa, nomeadamente a escrita, abandonou o jornalismo de proximidade, apenas se encontrando alguma excepção em jornais regionais, de que o “Alto Minho” é concreto exemplo.
De resto, a Imprensa está enxameada de fazedores de opinião de sentido único, de títulos especulativos, e notícias de “faca e alguidar”. Como esta: “Vanessa passado bissexual” (TV Guia).
Ou seja: a Imprensa dominante manipula inocências e consciências!  Vende-nos a imagem de “vamps” e  de “vips”, das suas festas e carros. Valoriza o acessório e esconde-nos aquilo que é verdadeiramente importante, pois.
2 – César Príncipe (Gerês/Braga), escritor, jornalista, especializado em Jornalismo Político/Ciências da Comunicação/UP (Pós-Graduação) é um dos autores que mais tem reflectido sobre o Estado da  Nação    jornalística.   É o que volta a fazer,  agora, com   “Curso de Chiens de Garde”, edição da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.
Ao longo das 143 páginas do Curso, o antigo redactor principal do JN, que durante anos a fio provocou sobressaltos cívicos e culturais  com a sua “Fronteira” e o seu  “Bom Dia”, denuncia os “actores da censura no palco democrático”, diz qual o “preço do controlo social”, assevera que “a Liberdade tem dono”.
Eis um dos avisos de César Príncipe neste “Curso de Chiens de Garde”:   “A Censura do Novo Estado lê o presente/reescreve o passado/prescreve o futuro, intervém numa dinâmica de proteccionismo estatal/falsa concorrência/reproduzindo enlaces/modelos mercadológicos/instruindo chiens de garde/fidelizando públicos: uma Verdadeira Canicultura/Quadratura do Círculo.Independentemente dos Livros de Estilo dos Negócios, as empresas socorrem-se da Hierarquia Censória/Agenda do Corte e da Morte Cívica da Mensagem. Se fosse possível editar as deturpações/mutilações do Novo Jornalismo de Encomenda & Campanha, fundar-se-ia um Banco de Não-Notícias/um verdadeiro Banco de Portugal/Novo Portugal Amordaçado.”
Este novo livro de César Príncipe, cuja leitura o cronista aqui recomenda, será apresentado, no próximo dia 12, pelas 19 horas, por Manuel Pinto, docente da Universidade do Minho, na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, Rua Rodrigues Sampaio, 140. Instituição presidida pelo escritor e jornalista Francisco Duarte Mangas, também ele minhoto. Minhoto de Vieira do Minho.

Nota final:  Foi o poema "Firmeza" de João José Cochofel, que Ana Maria Pinto, soprano, mestranda em Berlim como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, interpretou, por sua livre vontade, na cerimónia privada do 5 de Outubro. “Firmeza” é um belíssimo poema de combate, que Fernando Lopes-Graça musicou com o seu talento de mestre comprometido com a Liberdade. Tendo fundadas dúvidas de que o prof. Cavaco, bem como alguns dos "ilustres" presentes, saiba quem é João José Cochofel aqui deixo dito que o Poeta nascido em Coimbra, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas,  integrou o movimento neo-realista e foi um dos organizadores do Novo Cancioneiro. Alves Redol, Manuel da Fonseca e Sidónio Muralha  foram alguns dos seus bons companheiros literários




Crónica publicada  no semanário
no dia 9 de Outubro

 






Marcha de Outubro.


Somos milhões
Somos muitos mil

Somos
A Grande Marcha
A Voz do Futuro

Façamos dos doze meses
Um mês de Abril
Ficar em casa
Não é audaz nem seguro   

Depois de tanta flor
Na ponta do fuzil

Vieram os ladrões
Vestidos à civil
Enganaram milhões
Roubaram muitos mil

Marchemos de mãos dadas
Cabeças erguidas

Eles não têm Pátria
Só têm Patroika
São ladrões
São ladrões
Ladrões com escolta

Somos
A Grande Marcha
A Voz do Futuro
Ficar em casa
Não é audaz nem seguro

Somos milhões
Somos muitos mil
Depois de tanta flor
Na ponta do fuzil


César Príncipe
Cais de Gaia
(07/10/2012)

sábado, 6 de outubro de 2012

Firmeza.


"Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.

Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.

Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.

Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta."






Este é o poema "Firmeza" de João José Cochofel.
Um belíssimo poema de combate, que Fernando Lopes-Graça musicou com o seu talento de mestre comprometido com a Liberdade.
Ana Maria Pinto, soprano, mestranda em Berlim como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkiana,   interpretou-o com a lúcida convicção de que o combate a esta gente,  sem préstimo,  está na sua fase decisiva.
Bem haja pela sua exemplar coragem!

Soares Novais


Nota: Tendo fundadas dúvidas de que o prof. Cavaco, bem como alguns dos "ilustres" presentes na cerimónia privada do 5 de Outubro, saiba quem é João José Cochofel aqui deixo dito que o Poeta nascido em Coimbra, onde se licenciou em Ciências Histórico-Filosóficas,  integrou o movimento neo-realista e foi um dos organizadores do Novo Cancioneiro. Alves Redol, Manuel da Fonseca e Sidónio Muralha  foram alguns dos seus bons companheiros literários.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A voz do Povo da República.


Leio no Público digital:

Uma mulher, de 57 anos, exigiu a entrada no Pátio da Galé para assistir às comemorações da Implantação da República e, apesar de algumas respostas negativas dos seguranças, a entrada foi autorizada. Já lá dentro, Luísa Trindade, gritou que estava “desesperada” e que se não fosse o seu filho estaria “na miséria”. 

 

A reforma de Luísa Trindade é de 224 euros mensais.
Uma miséria, que deveria fazer corar de vergonha Cavaco e a selecta assistência da cerimónia.
De uma cerimónia que quiseram privada e foi recheada do atabalhoado içar da bandeira.
Mas mesmo assim não se livraram da voz revolta do Povo da República.
Por via do grito de desespero de Luísa Trindade.
E da jovem que, com a sua voz limpa e lúcida,  cantou Fernando Lopes-Graça, mesmo que para tal não tivesse sido convidada.

Soares Novais

Fan’ art 2012 mostra-se em Betanzos (Corunha)


Trinta e três artistas plásticos de Portugal,
Espanha, França, Bélgica e da Argentina, expõem leques na Fundacion CIEC, em Betanzos (Corunha) até ao próximo dia 20. As obras já puderam ser vistas na Esteta Galeria, no Porto, e a partir de 3 de Novembro poderão ser observadas na Associação de Gravura Água-Forte, em Lisboa.
Há quem diga que Cupido o Deus do Amor, inebriado pela beleza de sua amada Psique furtou uma asa de Zéfiro, o Deus do Vento, para refrescar sua amada enquanto dormia.
Talvez este tenha sido o primeiro leque de que fala a história, mas sabemos que no século XV os mercadores portugueses trouxeram para a Europa, da China e do Japão, leques que se tornaram rapidamente muito populares, quer para aliviar o calor das senhoras elegantes, quer como peça decorativa dos salões burgueses. É neste contexto de luxo e sedução que no século XIX toma força a “Linguagem do Leque”. Esta era um sistema complicado de posições e gesticulações que possibilitavam às damas comunicar e relacionar-se socialmente.
A representação do leque nas gravuras japonesas antigas, a beleza do objecto “uchiwa” formado por varetas de bambu e a “folha” que é a parte que pode ser decorada com pinturas sobre tecido, papel, pergaminho, rendas, seda, etc, estimulou o desejo dos artistas da Matriz, Associação de Gravura do Porto para o Projecto a que deram a designação de “Fan Art”.
Aos artistas convidados pela Matriz foi solicitado que fizessem uma intervenção em papel ou pano adequados, cujo molde foi facultado.
Depois de reunidos, todos os trabalhos foram enviados para o Japão onde uma empresa especializada fez a montagem nos suportes em bambu.
O resultado é um conjunto lindíssimo e delicado de “uchiwa” que denunciam diferentes abordagens e sensibilidades. Temos leques trabalhados por muitos artistas portugueses mas também de Espanha, França, Bélgica e da Argentina. Um total de 66 leques estão expostos para serem apreciados por todos os que quiserem visitar a Exposição.

Começou a Marcha Contra o Desemprego.

A Marcha Contra o Desemprego começou hoje, 5 de Outubro, em Braga, no Norte, e em Vila Real de Santo António e Lagos, no Sul. Contra o desemprego e os problemas que ele provoca - os dramas humanos, o empobrecimento das famílias, a recessão económica e a destruição de mais postos de trabalho. O desemprego é, hoje, o problema económico e social mais grave do país.
Duas colunas partem respectivamente, do Minho / Braga (10.00 horas) e do Algarve / Vila Real de Santo António e Lagos (9.00 horas).
Entre 5 e 13 de Outubro estas duas colunas de marchantes percorrerão o país mobilizando e despertando as consciências para este flagelo social. Dia 13, convergindo para Lisboa, onde se encontrarão na Praça da Figueira, deslocando-se, depois, para a Assembleia da República, onde, às 17.00 horas, o Secretário-geral da CGTP-IN intervirá.


6 e 7 de Outubro
Distrito: PORTO
6 de Outubro
Manhã
10:00 – Marcha da Feira à Senhora da Hora – Lota de Matosinhos (   4 Km, 2h)
Tarde
15:00 – Marcha da Estação de Ermesinde ao Alto da Maia – Areosa (3 concelhos)  (   5.8 Km, 2h30)
7 de Outubro
Manhã
10:00 – Marcha de Santo Tirso a Vilarinho – São Martinho do Campo (   3.5 Km, 2h)
Tarde
15:30 – Marcha da Praça da Batalha a São Bento – Ribeira – Cais de Gaia (2 Concelhos) ( 2.5 Km, 1h30)