quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Diz-se que o Passos mandou pôr uma rolha no Frasquilho...

Soares Novais

O concílio do Coliseu*

BAPTISTA BASTOSLevanta-te, e caminha"- disse o Rabi a Lázaro; e este levantou-se, impulsionado pela força divina. Milagre! Milagre!, exclamaram os que ao facto assistiram." A parábola da Ressurreição, ou do Ressurrecto sobreveio-me à memória, quando assisti a um morto, não só político, mas sobretudo moral, emergir do mundo das trevas. Foi no congresso do PSD, quando Pedro Passos Coelho fez ressurgir Miguel Relvas das tumbas da calamidade para ocupar um lugar importante da direcção do partido. Entre a perplexidade e a repulsa, os sentimentos dos circunstantes dividiam-se. Mas a notícia não deixou de ser escabrosa. O título académico de "doutor", "dr." Miguel Relvas, voltou a circular entre as afirmações dos dirigentes mais importantes do PSD, como se a ressuscitação da criatura reabilitasse a própria mentira.
Passos Coelho é um homem em constante sobressalto, tomado de pequenas angústias quotidianas. A necessidade de se impor provém das pessoais inseguranças. E a reabilitação de Relvas, assim como a expulsão de António Capucho, possui, somente, um significado: quero, posso e mando. Não é novidade. O que ele tem feito ao País é a injunção de ideias confusas, desordenadas, que pertencem a outros e que ele mistura no almofariz de uma certa perversidade.
Disse, no congresso, de que estamos melhor do que há dois anos. Mentira. E mentira desaforada. Também disse que o PSD nunca se afastou da "matriz" social-democrata. Mentira e ignorância. Nem nos seus melhores tempos o PSD foi, alguma vez, social-democrata. Aliás, a mentira e a ignorância tornaram-se razões no discurso dele e dos seus.
Passos Coelho pertence à geração da insignificância que povoou a Europa de fatuidades, por ausência de cultura política e geral, e por cansaço e desistência de quem tinha a obrigação de defender e de desenvolver os testamentos legados. Não é só ele. Marcelo Rebelo de Sousa é outro, acaso mais responsável porque lê, pelo menos é o que se diz.
Ele foi o bobo da festa, no conclave do Coliseu. Tem a tineta de açambarcar os holofotes, e quando viu que a ocasião era propícia, saltou para o tablado e fez rebolar de riso os circunstantes. Passos concedeu-lhe a esmola de um escasso sorriso, enquanto a barriga do ministro Miguel Macedo saltava de gozo e satisfação, por igual insanos.
O congresso do PSD para nada serviu, a não ser o de congregar, para as televisões e para o retrato de grupo, alguns "notáveis" desavindos, e demonstrar a falta de carácter de outros, fingidamente esquecidos das afrontas de que têm sido alvo, por Passos Coelho. Ele é que quer, pode e manda. Tem-no comprovado com minuciosa implacabilidade e extrema frieza. Já o disse e escrevi: este homem é muito perigoso.


*Crónica de Baptista-Bastos na edição de hoje do DN.

domingo, 23 de fevereiro de 2014

O circo no Coliseu chegou ao fim.
A chamada classe média presente, que é a maior vítima da trupe, bate palmas.
Esta gentinha é assim: aplaude sempre o domador!

Soares Novais
O doutor Passos é como aqueles filhos da puta que espancam as mulheres para depois segredaram-lhes palavras doces...

Soares Novais

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Passos acaba de anunciar o regresso do doutor Relvas.
Com ele, o Carnaval vai ser muito mais animado...

Soares Novais

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Entro no banco e peço à gestora de conta a resolução de um problema que está pendente há 48 horas. Ela diz-me que não pode fazer nada, pois é "Lisboa que tem de resolver".
Insisto, volto a insistir, e a senhora gestora de conta, com um sorriso, diz-me:
-Sabe, é Lisboa....
Levanto-me, estendo-lhe a mão, e digo-lhe:
- Pois, minha senhora, mas não vão vim aqui para falar de guerra...
Saio e vou à churrasqueira . Quando chega a minha vez peço ao funcionário:
- Seja generoso quando colocar o  molho, que é uma delícia. Obrigado.
O churrasqueiro olha para mim com ar de espanto e, tão rápido como Ronaldo a driblar adversários, substituo  "generoso" por um "por favor, coloque bastante molho".
Esclarecida a dúvida, o meu pedido é plenamente satisfeito.
Moral da história:
Entre o senhor do churrasco e a gestora de conta só há uma diferença: um sua para ganhar a vida; o outro não...

Soares Novais


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

"Vítor Constâncio ganhou  324 mil euros em 2013"






A vidinha corre sempre bem aos sonsos e servis...




Soares Novais




 Num país sulcado de vivos ignorados e mortos assinalados, saber que o Manuel Jorge Marmelo, um jornalista sem lugar nas redacções domesticadas de hoje, ganhou o Corrente D' Escritas 2014 é motivo de alegria.
Para nós, seus leitores, e para ele.
E é, também, para nós e para ele, um estímulo para as batalhas que temos de travar para os impedir de roubar o nosso futuro...

                                                                                             
Soares Novais

Carta ao Pai*

Fernando TordoOntem, o meu pai foi-se embora. Não foi e já volta; emigrou para o Recife e deixou este país, onde nasceu e onde viveu durante 65 anos. A sua reforma seria, por cá, de duzentos e poucos euros, mais uma pequena reforma da Sociedade Portuguesa de Autores que tem servido, durante os últimos anos, para pagar o carro onde se deslocava por Lisboa e para os concertos que foi dando pelo país. Nesses concertos teve salas cheias, meio-cheias e, por vezes, quase vazias; fê-lo sempre (era o seu trabalho) com um sorriso nos lábios e boa disposição, ganhando à bilheteira. Ontem, quando me deitei, senti-me triste. E, ao mesmo tempo, senti-me feliz. Triste, porque o mais normal é que os filhos emigrem e não os pais (mas talvez Portugal tenha sido capaz, nos últimos anos, de conseguir baralhar essa tendência). Feliz, porque admiro-lhe a coragem de começar outra vez num país que quase desconhece (e onde quase o desconhecem), partindo animado pelas coisas novas que irá encontrar. Tudo isto são coisas pessoais que não interessam a ninguém, excepto à família do senhor Tordo. Acontece que o meu pai, quer se goste ou não da música que fez, foi uma figura conhecida desde muito novo e, portanto, a sua partida, que ele se limitou a anunciar no Facebook, onde mantinha contacto regular com os amigos e admiradores, acabou por se tornar mediática. E é essa a razão pela qual escrevo: porque, quase sem o querer, li alguns dos comentários à sua partida. Muita gente se despediu com palavras de encorajamento. Outros, contudo, mandaram-no para Cuba. Ou para a Coreia do Norte. Ou disseram que já devia ter emigrado há muito. Que só faz falta quem cá está. Chamam-lhe palavrões dos duros. Associam-no à política, de que se dissociou activamente há décadas (enquanto lá esteve contribuiu, à sua modesta maneira, com outros músicos, escritores, cineastas e artistas, para a libertação de um povo). E perguntaram o que iria fazer: limpar WC's e cozinhas? Usufruir da reforma dourada? Agarrar um "tacho" proporcionado pelos "amiguinhos"? Houve até um que, com ironia insuspeita, lhe pediu que "deixasse cá a reforma". Os duzentos e tal euros. Eu entendo o desamor. Sempre o entendi; é natural, ainda mais natural quando vivemos como vivemos e onde vivemos e com as dificuldades por que passamos. O que eu não entendo é o ódio. O meu pai, que é uma pessoa cheia de defeitos como todos nós - e como todos os autores destes singelos insultos -, fez aquilo que lhe restava fazer. Quer se queira, quer não, ele faz parte da história da música em Portugal. Sozinho, ou com Ary dos Santos, ou para algumas das vozes mais apreciadas do público de hoje - Carminho, Carlos do Carmo, Marisa, são incontáveis - fez alguns dos temas que irão perdurar enquanto nos for permitido ouvir música. Pouco importa quem é o homem; isso fica reservado para a intimidade de quem o conhece. Eu conheço-o: é um tipo simpático e cheio de humor, que está bem com a vida e que, ontem, partiu com uma mala às costas e uma guitarra na mão, aos 65 anos, cansado deste país onde, mais cedo do que tarde, aqueles que o mandam para Cuba, a Coreia do Norte ou limpar WC's e cozinhas encontrarão, finalmente, a terra prometida: um lugar onde nada restará senão os reality shows da televisão, as telenovelas e a vergonha. Os nossos governantes têm-se preparado para anunciar, contentíssimos, que a crise acabou, esquecendo-se de dizer tudo o que acabou com ela. A primeira coisa foi a cultura, que é o património de um país. A segunda foi a felicidade, que está ausente dos rostos de quem anda na rua todos os dias. A terceira foi a esperança. E a quarta foi o meu pai, e outros como ele, que se recusam a ser governados por gente que fez tudo para dar cabo deste país - do país que ele, e milhões de pessoas como ele, cheias de defeitos, quiseram construir: um país melhor para os filhos e para os netos. Fracassaram nesse propósito; enganaram-se ao pensarem que podíamos mudar. Não queremos mudar. Queremos esta miséria, admitimo-la, deixamos passar. E alguns de nós até aí estão para insultar, do conforto dos seus sofás, quem, por não ter trabalho aqui - e precisar de trabalhar para, aos 65 anos, não se transformar num fantasma ou num pedinte - pegou nas malas e numa guitarra e se foi embora. Ontem, ao deitar-me, imaginei-o dentro do avião, sozinho, a sonhar com o futuro; bem-disposto, com um sorriso nos lábios. Eu vou ter muitas saudades dele, mas sou suspeito. Dói-me saber que, ontem, o meu pai se foi embora.

*Texto escrito por João Tordo a seu pai, que ontem zarpou para o Recife. Um hino ao amor e um relato impressionante da afronta que esta canalha fez a um dos melhores de nós. Tal qual os indigentes mentais que, nas redes sociais, aconselharam Fernando Tordo "a emigrar para Cuba ou a Coreia do Norte".  Puta que os pariu!

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O grau zero da ignomínia.*

BAPTISTA-BASTOSNas celebrações dos 500 anos das Misericórdias, as televisões filmaram o ministro Pedro Mota Soares, compungido e piedoso, a assistir à liturgia na igreja de Castelo Branco. Um momento de estremecida devoção. Nas orações que acompanhou, afeiçoado de dó e ungido de evidente santidade, o ministro Mota persignou-se, genuflectiu, beijou a mão, tomou a hóstia, certamente pedindo perdão ao Criador pelas malfeitorias infligidas ao mundo dos que trabalham ou que trabalharam. Nós.
O ministro Mota denuncia um rosto de santo de altar, atormentado e macerado, como convém à clemência exposta. O ministro Mota não é uma criatura de Deus: é um adjectivo. Diz-se militante do CDS, mas não propende para "democrata-cristão", tendo em conta a violência dos decretos que assina. Será, quando muito, um servente do ideário neoliberal, que tem desgraçado o País e destruído o que de melhor a pátria possui: a história e a juventude. Depois, pelo que se ouve e diz, vai às missas de domingo, acaso pedir as bênçãos do céu e a absolvição a Jesus.
Que têm a ver as práticas governativas do CDS com a compaixão subjacente ao catolicismo, de que aquele partido se diz estrénuo paladino? Este farisaísmo repartido entre os infames cometimentos de segunda a sexta-feira, e as práticas religiosas como salvação apaziguadora devolvem-nos a imagem de quem está no poder, e se diz católico. Haja Deus e haja Freud!
Talvez Freud seja a explicação mais recomendável para se entender esta corja de hipócritas que invadiu os territórios da decência e transformou o embuste em culto. Talvez. Deus, como precaução de celestes bonanças, serve de ocorrência momentânea, não como devoção e crença.
A repugnante cena de Mota na igreja fez-me recordar um poema de Guerra Junqueiro, recolhido em A Velhice do Padre Eterno, que cito de cor, pelo que me desculpo de qualquer incorrecção: "No meio de uma feira / uns poucos de palhaços / andavam a mostrar/ em cima de um jumento / um aborto infeliz/ sem mãos, sem pés, sem braços/ aborto que lhes dava um grande rendimento. / E o monstro arregalava / uns grandes olhos baços / e sem entendimento. / Ao ver esse quadro, apóstolos romanos/ funâmbulos da cruz/ eu lembrei-me de vós / hipócratas, devassos / que andais pelo universo/ há mil e tantos anos/ exibindo e explorando o corpo de Jesus."
Em Os Irmãos Karamazov, o mais velho deles afirma: "Se Deus não existe, tudo é permitido." Deus existe mesmo para esta súcia que tripudia na política e no espírito, no amor pelos outros, na consciência e na fé, com desenvolto desprezo?
Atingimos o grau zero da ignomínia. Socorro.



Crónica de Baptista-Bastos publicada na edição de hoje do Diário de Notícias

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Dizem-me as notícias de hoje que Miley Cyrus simulou em palco uma cena de sexo oral a um bailarino mascarado de Bill Clinton.
Há dias fiquei a saber que uma antiga amante de Berlusconi será cabeça de cartaz do Salão Erótico do Porto.
Eis os atributos que levam Clinton e Berlusconi a ter lugar destacado na história do mundo ... 

Soares Novais                                                                                                                                                     



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Fernando Tordo

"Amigos.
Tive a intenção de informar, e agradeço as centenas de comentários que foram feitos por vós, mesmo aqueles que de forma mais ou menos dura se referem a esta minha saída do nosso País. Quase todos saberão que tenho mulher, filhos, netos, amigos e uma obra vasta na Música da nossa terra. Não seria para mim minimamente sensato abandonar tudo, pessoas e trabalho, 65 anos de vida e 50 de profissão. É verdade que tenho a hipótese de ir continuar o meu trabalho e a minha vida fora de Portugal, mas isso não significa nenhum abandono; apenas as condições já de si precárias em que a minha actividade se desenrola em Portugal pioraram tanto que não deixam outra alternativa, neste momento. Sinto-me bem, a minha actividade, felizmente, permite encarar a possibilidade de "não ter idade", de isso não ter especial relevância, ao contrário da esmagadora maioria, que com a minha idade chegou à reforma. E creio que ninguém me poderá levar a mal que eu continue a exercer a minha profissão, em boa forma mental e física.
Pertenço a uma geração que viveu momentos e acontecimentos à escala nacional e internacional do maior relevo, e colaborou intensamente, o melhor que lhe foi possível, em transformações no nosso País que acreditámos e lutámos para que fossem irreversíveis. O que se conseguiu e não conseguiu é do conhecimento de todos. No plano cultural, o nosso País vive um dos seus tempos mais sombrios, e chega a ser insultuoso aquilo que o orçamento de Estado de um País com séculos de História dispensa para a Cultura. Uma libra investida na Cultura gera sete libras em Inglaterra? Para os nossos "responsáveis" isso são ilusões, a Cultura só serve para dar prejuízo, e é um sacrifício que o povo tem que pagar para satisfazer meia dúzia de malandros!
Sou português, amo a minha terra, e quem alguma vez tenha ouvido alguma coisa do que faço há meio século na Música, facilmente constatará que esse facto está, até transbordar, em tudo o que faço. A Comunicação Social tem dado um relevo muito grande à minha decisão, eventualmente criando uma ideia negativa relacionada com a minha atitude.
O que vou fazer nada tem a ver com isso; vou tratar de conseguir uma maior aproximação entre artistas e artes de dois países que têm um relacionamento desigual partilhando a mesma Língua. E se a nossa Pátria é a Língua Portuguesa, que ao menos se possa tentar que essa aproximação seja um factor de entendimento que claramente as duas partes procuram e não encontram. Tenho responsabilidades com o meu País que me farão regressar todas as vezes que forem necessárias, e algumas já estão marcadas há muito tempo e serão cumpridas, bem como outros compromissos meus com o público que me acompanha há décadas; a saída no final deste ano do livro escrito pelo João Paulo Guerra sobre estes 50 anos de actividade profissional, a saída, finalmente, de música que tenho gravado ao longo de anos e que nunca foi editada; e até para 2015 alguns concertos de comemoração dos meus 50 anos de carreira.
No Brasil, continuarei a minha tarefa de compositor, autor e intérprete, farei outros contactos, conhecerei outras pessoas, mas serei o mesmo alfacinha nascido na Rua Feio Terenas, em Março de 1948, sempre pronto para ir e voltar, como aliás tenho feito toda a minha vida."



Fernando Tordo
na sua página no facebook e a propósito da sua anunciada ida para o Brasil. Farto que está de viver num País que " vive um dos seus tempos mais sombrios" . De um país nas mãos de capatazes ignorantes e que fazem terrorismo social de "chave na mão" .

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Caso, a partir de Abril,  o seu vizinho estacione um "topo de gama" à porta de casa não faça logo juízos de valor errados.
Ele, que há muito está desempregado, apenas não tem dinheiro para circular com a "bomba" que lhe saiu na factura sorteada pelas "Finanças".

                                                                                                         Soares Novais