segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Um cravo vermelho para um Capitão de Abril.

Tive o privilégio de conhecer e privar com Marques Júnior - o Capitão de Abril, que hoje nos deixa e a quem aqui deixo este meu cravo vermelho.
A última vez que estive com ele pessoalmente foi nas comemorações dos 30 anos do 25 de Abril que tiveram como palco a livraria Arca das Letras, que eu então dirigia.
Durante esse mês de Abril de 2004 a Arca das Letras tornou-se palco de boas conversas à volta de "Abril e Maio".  Por ali passaram Beatriz Cal Brandão, símbolo maior da resistência ao fascismo: Miguel Veiga, advogado e personalidade cultíssima do Porto; César Príncipe, escritor e jornalista que falou sobre a Censura; e Marques Júnior, um dos heróis do MFA, que nos deixou as suas impressões sobre a Guerra Colonial e o "25 de Abril".
A conversa com Marques Júnior prolongou-se por várias horas. Primeiro, durante a sessão; depois, à volta da mesa o que o obrigou a partir rumo a Chaves, onde pernoitaria, já a noite ía alta.
Marques Júnior era um militar com biblioteca e por o ser não era um arrivista, um parvenu, como tão bem nos elucida Alexandre O'Neill em "Uma Coisa em Forma de Assim".
Nem sempre estivemos de acordo.
Mas uma coisa é certa: o seu número de telemóvel vai continuar a vigorar na minha lista.
É assim que faço com os amigos.
Com os meus amigos que teimam em deixar-me cada vez mais só.

Soares Novais

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Fernando Paulouro deixa Jornal do Fundão.

Rui Pelejão*



O pior de um país não é viver de estômago vazio enquanto a camarilha do costume arredonda a pança. O problema de Portugal é a coluna vertebral.
Um país curvado, de espinha sinuosa, chapelinho na mão e respeitinho que é muito bonito.
Um país dobrado, vergado, calado que macaqueia indignação nas redes sociais, mas que na sua essência é um país corcunda com o fardo da culpa que lhe querem carregar.
É um país de marrecos aos berros e de capatazes sem dó.
Neste país amordaçado e manietado a liberdade definha e a liberdade é o pão do espírito.
É dessa fome que morreremos todos, é dessa forma triste que iremos todos para a quinta casa se enfiarmos a canga e a mordaça que a corja impostora dos capatazes do liberalismo nos quer afivelar.
Por isso e por muito mais, o gesto e a voz de Fernando Paulouro Neves emerge no silêncio das indignações politicamente corretas.
O histórico diretor do Jornal do Fundão anunciou que iria renunciar ao seu cargo porque “o poder financeiro comanda tudo e o jornalismo tornou-se numa área de difíceis equilíbrios, onde não faltam sujeitos sem escrúpulos, capazes de vender a alma ao demónio com a justificação de salvar o negócio”.
Com a reverenda autoridade que lhe dá uma carreira de 40 anos ao serviço do Jornal do Fundão, da sua região, da cultura, do país e da liberdade, Fernando Paulouro ousou erguer a voz e denunciar pressões empresariais, contrárias ao estatuto editorial de um jornal que o seu tio António Paulouro fundou e que ele prosseguiu, não como mero curador, mas como verdadeiro artífice e ideólogo.
Fê-lo publicamente na apresentação do seu livro “Crónicas de um país relativo” que reúne precisamente a sua versátil e acutilante prosa – a primeira linha de combate, a armadura intelectual a um Jornal que sempre foi santuário da livre expressão, da pluralidade e refúgio de escritores e homens de cultura acossados pelos capatazes de bota engraxada, doutros e destes tempos.
O que leva Fernando Paulouro, um homem que dedicou toda a sua vida ao JF, a erguer a sua voz para denunciar aquilo que muitos calariam?
Essa é uma questão que a Controlinvest – a empresa proprietária do Jornal do Fundão – terá obrigatoriamente que esclarecer – sob o risco de desbaratar nuns dias aquilo que levou décadas a construir e a consolidar – a confiança dos leitores.
E sem essa, meus caros senhores, não há publireportagens nem fretezinhos que valham a esse “negócio” e o próximo obituário que cobrarem é precisamente o do Jornal de que não são donos, mas meros “inquilinos”.
Porque o JF é dos milhares de leitores espalhados pelo mundo que nas suas páginas reencontram não só o apelo da sua mais profunda identidade, mas também reflexão, pensamento e interrogações sobre o tempo em que vivem.
O JF é do meu avô, que sentado na cadeira do lar da velhice aguça o resto da vista para ler as gordas; o JF é do meu jovem amigo Mário, que faz filmes, trabalha num hostal em Lisboa e pede o JF emprestado ao pai para ler as crónicas do Fernando; o JF é do emigrante que na Suiça o recebe religiosamente para ver o resultado dos distritais e as novidades de terras tão distantes como as Aranhas ou Segura.
Os senhores dos negócios podem estar convencidos que o JF é deles, mas estão copiosamente enganados. Só será deles enquanto honrarem o compromisso com os leitores.
Um compromisso ético e de integridade. Se a empresa proprietária do JF quebrar esse compromisso, verá rapidamente que nenhuma gloriosa “modernização” lhe valerá.
É por isso que saúdo e admiro profundamente o gesto de Fernando Paulouro. Num tempo em que a coragem é apenas figura de retórica, Fernando Paulouro teve a coragem de não se acomodar a uma reforma ao som dos bombos laudatórias, da homenagem bacoca, da coluna no jornal reservada a antigos diretores, à avençazita, ao livrinho de memórias e ás tainadas com o poder.
Um gesto tão tremendo e solitário como o do Fernando Paulouro é um hino à liberdade – à dele e à nossa.
Num país de marrecos e capatazes, reino da trafulhice organizada, ver um jornalista com 40 anos de carreira abandonar a sua trincheira com a coluna intacta é um sinal para não nos rendermos. Bem haja Fernando Paulouro por nos teres alertado.
Está mais do que na hora de aguçar as baionetas!
PS: Gostava de saber se a hiperativa ERC do Sr. Magno tem alguma coisa a dizer sobre este assunto ou se está muito ocupada com as tricas de starletes de TV e de cervejeiros e seus donos. Provavelmente o Fundão fica demasiado longe do Pabe…
PS2: Desejo ao Nuno Francisco, novo diretor do JF, a melhor das sortes e a força e coragem para defender o património afetivo e de liberdade que recebe. Sei que não será um mero curador e que defenderá o “nosso” Jornal do Fundão. Conta com as nossas baionetas!


*Crónica publicada no A23 on-line


Nota do editor: O "Jornal do Fundão" é uma referência do Jornalismo. Foi sempre. Mesmo no tempo do Fascismo. Por acção do seu fundador e histórico Director António Paulouro.  O "JF" contribuiu para formar melhores leitores e melhores cidadãos. Tal qual aconteceu com o  "Comércio do Funchal" e o "Notícias da Amadora". Lamento a saída de Fernando Paulouro de um Jornal que, sob a sua direcção, soube honrar o legado de António Paulouro. Lamento que o poder financeiro, sob a batuta de um qualquer Leite, faça aquilo que a Ditadura não conseguiu e o queira transformar em mais um produto sem "alma" e recheado de lixo informativo.

Soares Novais

domingo, 23 de dezembro de 2012

Festas felizes para os de sempre.


Soares Novais


1 - Palavra de honra, gostava de ter a capacidade de olhar o “qwert” do meu computador e só escrever palavras bonitas. Parir prosa sem dor e  escrever  frases como esta, por exemplo:  “Meu caro leitor tenha Festas Felizes e um óptimo 2013”.
Mas não sou capaz. Por mais que tente. Por mais que queira ser politicamente correcto, seja lá isso o que for.
A profissão de jornalista e o coração não me concedem tal bênção.
Entendam-me:
- Noticiei naufrágios de pescadores da Póvoa e das Caxinas e escutei palavras de raiva às suas viúvas e filhos;
- entrevistei  demagogos e mentirosos;
- ouvi  bandidos de colarinho branco a discursar sobre a honradez;
- testemunhei  a ascensão e queda de ídolos do futebol;
- fui  voz e ouvidos dos pagadores de promessas em Fátima e de operários abandonados à porta de fábricas que os patrões encerraram sem aviso prévio;
- fixei os rostos de dor de mães sem recursos para alimentarem os seus filhos.
Conheço a vida. Tal qual ela é. Sem máscaras e sem pudor. Sem galas televisivas de Natal, sem abraços, beijinhos e palmadinhas nas costas daqueles que são “os homens esquecidos de deus”, como diz  Albert Cossery*  e do qual reproduzo este breve passo:
(...)
— A festa não é para nós, meu filho —, disse ele.
— Nós somos pobres.
O garoto chorou, chorou amargamente.
— Não me interessa; quero um carneiro.
— Somos pobres —, repetiu Chaktour.
— Somos pobres porquê? —, perguntou a criança.
O homem reflectiu antes de responder. Depois de tantos anos de indigência tenaz, ele próprio não se lembrava porque eram pobres. Era uma coisa que vinha de muito longe, de tão longe que Chaktour já não se lembrava como tinha começado. Dizia para si próprio que a miséria que se prolongava para além dos homens. Apanhara-o desde a nascença e ele logo lhe pertencera, sem a menor resistência, visto que lhe estava destinada muito antes de ter nascido, ainda na barriga da mãe.
A criança estava sempre à espera que lhe explicassem porque eram pobres. Deixara de chorar, mas ainda havia muitas lágrimas dentro de si, todas as lágrimas das crianças miseráveis cujos sonhos são traídos pela vida.
— Escuta, pequeno, vai-te sentar num canto e deixa-me trabalhar. Se somos pobres é porque Deus nos esqueceu, meu filho.
— Deus! —, exclamou a criança. — E quando se lembrará ele de nós, meu pai?
— Quando Deus esquece alguém, é para sempre.
(...)


2 –  Acontece, pois,  que, e apesar da minha confessada falta de talento para olhar o “qwert” do meu computador e escrever coisas bonitas, tudo aquilo que os meus olhos vêem e os meus ouvidos ouvem não ajuda. Bem pelo contrário. Atente-se:
- Os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo vítimas, entre outras maldades, de um criminoso assédio moral por parte do Estado continuam a ter as suas vidas sem rumo;
- Há no distrito mais de 15 mil desempregados;
- Os pescadores de Castelo de Neiva continuam a ser engolidos pelo mar, pois nunca mais é construído o portinho que os protegeria;
- As cantinas das escolas mantêm-se abertas,  durante a  quadra natalícia, para que cada vez mais crianças possam aconchegar os seus estômagos vazios;
- Micro, pequenas e médias empresas são obrigadas a fechar portas; asfixiadas pelos impostos e pela voracidade dos bancos;
- Os mais velhos de nós continuam a ter reformas e pensões de miséria;
- Aos funcionários públicos e da Administração Local tiraram-lhes o 13º e o 14º mês;
- Cortam na Saúde e na Educação;
- Cortam no apoio à Cultura, que é bem de primeira necessidade;
- Convidam os mais jovens e classificados de nós a emigrar;
- Uma sopa paga os mesmos 23% de IVA do que a mais cara jóia;
- Temos um primeiro-ministro que diz que os salários devidos aos trabalhadores do Estado são despesa;
- Aceita-se que o dr. Catroga aufira mais de 35 mil euros mensais na EDP e que o engº Jardim Gonçalves tenha uma reforma de 200 mil a cada 30 dias;
- Pagamos o 13º e o 14º mês às girls e aos boys escolhidos pelo dueto Passos & Portas;
- Só alguns se indignam com o facto de Assunção Esteves se ter reformado aos 42 anos e que os deputados tenham votado favoravelmente um orçamento da Assembleia da República que lhes permite continuar a receber o subsídio de férias e o subsídio de Natal, como se pode confirmar junto daqueles que representam o nosso distrito;
- O filho do engº Belmiro e a filha de José Eduardo dos Santos ganham milhões em bolsa e o comendador Amorim continuará a figurar na lista dos mais ricos do país.
Para estes, sim, as festas natalícias serão boas e felizes. Como sempre.
Para os outros, para os homens esquecidos de deus, que somos a imensa esmagadora maioria, as festas natalícias são um ritual.
Um ritual que evita termos de mentir aos nossos filhos, usando a mesma metáfora de Albert Cossery.
Mesmo que tal mentira evite a imediata condenação daqueles que nos assassinam com, evidente,  “frieza tecnocrática”.




*Albert Cossery (Cairo 1913-2008) Considerado um mestre do escárnio, Cossery foi também um profeta do prazer e da preguiça. Habitou o mesmo quarto do hotel La Louisiane, situado no coração de Saint-Germain-des-Prés em Paris, desde 1951. Foi amigo de Boris Vian, Jean Genet, Henry Miller e Albert Camus. “os homens esquecidos de deus” são uma tradução de Ernesto Sampaio para a “Antígona” (2002),
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 Crónica publicada no dia 24 de Dezembro no semanário




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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pais natal a 43 cêntimos.

 
Soares Novais


1 - A empresa de S. Romão do Neiva, que há anos organizava o desfile de pais natal pelas ruas do Porto, não resistiu à crise e fechou as portas.
Resultado: este ano não há pais natal a alegrar a malta, não é batido novo recorde de figurantes e o presidente da câmara da Invicta, que gosta de se mostrar no Porto e refugiar-se em Viana do Castelo, tem menos um motivo para assomar à janela. É a crise, sem brilho nem pudor.
Uma crise que já não poupa os pais natal e até os obriga a trabalhar a troco de 43 cêntimos à hora. Como acontece em Penafiel, onde a associação empresarial contratou quatro operários da construção civil, inscritos no centro de emprego, para os passear travestidos pelo centro histórico do berço de D. António Ferreira Gomes - o bispo do Porto que ousou afrontar Salazar e pagou com o exílio tal feito.
A miséria paga aos quatro desempregados pela entidade que congrega os empresários (?) penafidelenses é uma provocação a todos os desempregados e uma afronta a todos os empresários com moral. Uma afronta que conta com o silêncio cúmplice do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Mas também é um alerta vermelho para cada um dos 1 milhão e 300 mil desempregados que, assim, ficam a saber que alguns patrões, aproveitando-se da política troikana, tudo estão a fazer para que o nível de vida dos portugueses regresse à Idade Média. Ou seja: a um tempo em que os trabalhadores davam pelo nome de servos, tendo todas as obrigações e nenhuns direitos.

2 – José Carlos Ary dos Santos escreveu a “Tourada” há 40 anos, nos finais de 1972. E Fernando Tordo cantou-a triunfalmente no Festival RTP de 1973.
Tal como hoje, o país exibia “empresários moralistas” que davam azo a canções: “entra muito dólar/muita gente/que dá lucro aos milhões”. Mas o Povo e as suas Forças Armadas souberam trocar as voltas ao destino traçado pelos “galifões de crista”.
Por ser tão dramaticamente actual, aqui fica o poema de Ary:
 “Não importa sol ou sombra/camarotes ou barreiras/toureamos ombro a ombro/as feras./Ninguém nos leva ao engano/toureamos mano a mano/só nos podem causar dano/espera./Entram guizos chocas e capotes/ e mantilhas pretas/entram espadas chifres e derrotes/ e alguns poetas/entram bravos cravos e dichotes/porque tudo o mais/ são tretas./Entram vacas depois dos forcados/ que não pegam nada./Soam brados e olés dos nabos/ que não pagam nada/e só ficam os peões de brega/cuja profissão/ não pega./Com bandarilhas de esperança/ afugentamos a fera/estamos na praça/ da Primavera./Nós vamos pegar o mundo/ pelos cornos da desgraça/ e fazermos da tristeza/ graça./ Entram velhas doidas e turistas/entram excursões/ entram benefícios e cronistas/entram aldrabões/entram marialvas e coristas/entram galifões/ de crista./Entram cavaleiros à garupa/ do seu heroísmo/entra aquela música maluca/ do passodoblismo/entra a aficionada e a caduca/ mais o snobismo/ e cismo.../Entram empresários moralistas/entram frustrações/entram antiquários e fadistas/ e contradições/e entra muito dólar/muita gente que dá lucro as milhões./E diz o inteligente/ que acabaram as canções.”

 

 Crónica publicada no dia 18 Dezembro no semanário

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Carlos Carvalhas bem avisou.

 «A moeda única é um projecto ao serviço de um directório de grandes potências e de consolidação do poder das grandes transnacionais, na guerra com as economias americanas e asiáticas, por uma nova divisão internacional do trabalho e pela partilha dos mercados mundiais.
A moeda única é um projecto político que conduzirá a choques e a pressões a favor da construção de uma Europa federal, ao congelamento de salários, à liquidação de direitos, ao desmantelamento da segurança social e à desresponsabilização crescente das funções sociais do Estado.»







Carlos Carvalhas, Secretário-geral do PCP — «Interpelação do PCP sobre a Moeda Única», 1997

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O Poeta morreu.

O telefone tocou e o César Príncipe deu-me a notícia:
- Olha, o  Papi morreu!
Pouco passava das cinco da tarde de hoje.
Desde de Abril último que não visitava o Papiniano Carlos e a Olívia de Vasconcelos, sua companheira de sempre.
O Papi estava impedido de descer até à sala, onde tinha todas as suas memórias, todos os seus escritos, toda a sua Vida.  E um  Homem como o Papiniano Carlos, que sempre viveu de pé, não merecia tal castigo.
Orgulho-me de ter editado "A viagem de Alexandra" e "O cavalo das sete cores", com ilustrações de Elsa Lé e de Fedra Santos, respectivamente.
Agradeço-lhe considerar-me seu Amigo.
Orgulho-me de ser seu Camarada.


Soares Novais 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

15096 sem trabalho.

Soares Novais



1 - Tal qual acontece em todo o país, também no Alto Minho o número de desempregados não pára de aumentar. Em Outubro, o Centro de Emprego de Viana do Castelo tinha 15096 inscritos. Um número que anuncia uma “catástrofe social” como assinala Branco Viana, coordenador da União de Sindicatos.
Mas, também como acontece em todo o país, tal número pode pecar por defeito, pois há quem já tenha perdido o direito ao Fundo de
Desemprego ou simplesmente tenha desistido de se inscrever. Ou seja: podemos estar a falar de um número bem próximo dos 17 mil desempregados.
Analisando os últimos dados do Instituto de Emprego e Formação
Profissional (IEFP) verifica-se que, dos dez municípios que constituem o distrito, Viana do Castelo lidera com 5569, logo seguido de Ponte de Lima com 2407 e Arcos de Valdevez com 1074.
Entre Outubro de 2011 e Outubro de 2012, Viana regista mais 865
desempregados, enquanto as vizinhas Ponte de Lima e Arcos mais 440 e 207.
Uma tendência de subida que se espalha como praga a todo
o distrito e a que Melgaço não fica imune. Melgaço que, embora seja o Concelho com menor número (257), viu aumentar em 89 os
habitantes de braços caídos. Mais 50%.

2 – Teixeira dos Santos, o professor de Economia que antecedeu o
professor Vítor Gaspar na pasta das Finanças, que já lhe mereceu
rasgados elogios, confessou temer que “o desemprego se torne
estrutural” e “subsista mesmo havendo retoma da actividade económica”.
Ou seja, o antigo ministro das Finanças vem agora admitir aquilo para que  há muito outros alertaram: muitas das vítimas da crise correm o risco de jamais ter uma ocupação remunerada.
O ex-ministro de Sócrates, que tem como hobbie ser jardineiro de fim de semana no refúgio de Vila Nova de Cerveira, saberá do que fala.
A desgraça que hoje atinge o país e os portugueses também contou com a sua preciosa mãozinha.  Sobretudo - recorde-se - quando nacionalizou os prejuízos do BPN,   asseverando-se que tal operação de resgate teria custo zero para os portugueses. 
Viu-se. Cinco mil milhões de euros saltaram dos bolsos dos portugueses para tapar o colossal buraco do banco administrado por ex-ministros e  dilectos do doutor Cavaco.



Crónica publicada no dia 4 de Dezembro no semanário