
Dá-me o controlo da moeda de um país e não me importará quem faz as leis.
Mayer Amschel Rothschild, fundador da dinastia de banqueiros. [1]
Há duas maneiras de submeter e escravizar uma nação: uma é pela espada
e outra é pela dívida. A dívida é uma arma contra os povos. Os juros são as
munições.
John Adams, presidente dos USA. [2]
César Príncipe
Sabemos como
se assina um livro. Também sabemos como se assassina. Na esfera das letras e
das artes, das ciências e das técnicas há numerosas publicações para sustentação
do sistema, algumas eventualmente válidas como construções estéticas e teóricas,
outras como codificadoras de práticas, catalogáveis como artigos de fascinação
e perpetuação da ideologia dominante. Activam e preenchem a agenda cultural. Os
critérios de evidência obedecem aos cordelinhos do mercado, entidade nada
abstracta, que mede o mérito mais pela eficácia da mensagem do que pelo rigor
do conteúdo. Tais géneros de educação e diversão fazem parte do citacionário,
da vulgata situacionista e rotativista, fundamentalista e rentista. Outras
publicações, portadoras de espírito inovador e crítico, são postas fora do
circuito de legitimação, das montras de novidades. Quando é difícil ou
impossível rebater, mata-se o produto concorrente, escondendo-o da tão exaltada
sociedade de consumo. Vem esta entrada a pretexto de uma obra, que não é de
referência para os interesses instalados (económicos, financeiros, políticos,
académicos, mediáticos), estando, à partida, condenada ao silêncio, mas que
deve ser referida e recomendada como uma das antologias do pensamento
especializado mais consistentes e problematizantes da actualidade editorial
portuguesa. Título: Ascensão e queda do euro. [3] Autores: Rudo de Ruijter, Yannis
Varoufakis, Costas Lapavitsas, James K. Galbraith, Gerard Duménil, Michael
Hudson, Ed Dolan, Jacques Nikonoff, Jean-Claude Paye, Eugénio Rosa, Jorge
Figueiredo, articulista e coordenador. O trabalho exclui o campo conservador,
normalmente confusionista e justificacionista, mas integra abordagens diversas,
ancoradas na concepção marxista da Produção, da Moeda, do Valor e das Classes
Sociais e na visão desenvolvimentista do Estado. Não procederemos a um resumo
dos fundamentos e das perspectivas de cada peça, já que não nos move redigir um
tratado sobre outro tratado nem desejamos conter ou esgotar a curiosidade
(científica e cívica) dos leitores. Ter à frente dos olhos centenas de
desassombradas e assertivas páginas sobre a Grande Guerra Europeia da Moeda
Única é iluminar a noite que tolda a Europa e cobre os USA e se espalha por
outros firmamentos da globalização. Não perder tempo com produtos tóxicos
(emitidos por escreventes e falantes do sistema) é tão imperioso e sensato como
fugir das lixeiras subprime. As
análises desta colectânea põem sobretudo o acento no diagnóstico. Etapa
imprescindível da acção curativa e regenerativa. Eis algumas perguntas
correntes que encontrarão, nesta ascensão
e queda, resposta qualificada aos Senhores E Senhoras da Europa, isto é, ao
Império Financeiro, que usurpa a soberania e se apodera da riqueza nações,
dispondo de chiens trela para cumprir
e fazer cumprir memorandos de entendimento:
Quod vadis, Europa?[4]
`
Quod vadis, Europa?[4]
`
Como vai a
auto-desregulação do Grande Capital?
Como vai a
luta dos siameses euro e dólar?
Como vamos de
Moeda a mais e Economia a menos?
Como vamos de
petro-assaltos e guerras humanitárias?
Como prospera
a escravidão da dívida?
Como se
comportam os malandros do Sul?
Como reage o
ex-Portugal do pelotão da frente?
Como vai a Europa connosco?
Como planear a
ascensão dos agiotas?
Como planear a
queda de um país?
Como adiará a
China a bancarrota ocidental?
Como impedir
os Estados de socorrer os mercados?
Como se fez da
Europa de 2012 a Argentina de 2001?
Como impedir
os Estados de abandonar os cidadãos?
Como se iliba o
Goldman Sachs em nome da lei?
Como julgar
ladrões e burlões com guarda-costas?
Karl Marx
dá explicações
Pelo que lhe respeita, Karl Marx está a ser insistentemente chamado a explicar a crise aos velhos burgueses e aos novos proletários (já voltou à Sorbonne), porque, balanço feito e calendário depois de Cristo revisto, o séc. XXI, em termos de bem-estar social e independência nacional, começa a aproximar-se do mal-estar e dos mapas coloniais do séc. XIX. Como deter a impunidade da banca e dos monopólios associados e o confisco dos rendimentos do trabalho e dos pequenos empreendedores pela polícia de choque fiscal? Como cortar com o discurso fatalista dos gestores de alto coturno e políticos de turno? Claro se vai tornando: a troika interna só será detida nas ruas e a troika externa terá de ser detida nos aeroportos. Os troikanos ludibriam os votantes e escudam-se nos votos. A Constituição da República Portuguesa fornece as saídas e as soluções para esta emergência patriótica e este colapso civilizacional. As consensuais e as drásticas. Em conformidade com a legitimidade participativa, interventiva e repositiva. Quem não recorda ou lê regularmente a CRP tende a ficar capturado e formatado pela dialéctica do sequestrador. É da boa-fé e da solidez do Direito confrontar a retórica relativista, negacionista e capitulacionista com o texto magno da Revolução. Por sua vez, quem não se munir de recursos intelectuais de largo e variado alcance cairá no amolecimento ingénuo ou no colaboracionismo com ajudas de custo. Os quadrilheiros da economia e da finança manejam um cabaz de compras de elites e ostentam poderosas indústrias de aliciamento, manipulação e persuasão: editoras, televisões, rádios, diários e semanários. As vítimas possuem meios escassos e de circulação restrita. Nada que a História não conheça, embora raramente reconheça. Militantes dos direitos civis nos USA (década de 60) tinham razoável consciência das suas limitações face à secular máquina de repressão, alie(nação) e desorientação: A maior arma dos ricos é a cabeça dos pobres.
Vencer a desproporção
Convencer a maioria
Mas a luta
anti-racial e anti-discriminatória deu frutos, após a desobediência em cadeia,
a saga de clamores, as bandeiras de sangue, o pertinaz jornalismo boca a boca.
Seremos poucos neste combate desigual? Certo é que a resistência social,
sindical e política enche avenidas e praças com centenas de milhar de
manifestantes. E quantos, exceptuando os subcontratados do espaço mediático e dos
palcos da governação, ousam defender os pacotes de resgate e os responsáveis da
crise, igualmente beneficiários das medidas anti-crise? O músculo contestatário
supera em larga escala a base social dos governos, notoriamente desmobilizada e
ressentida. Este superavit de
dinâmica da lucidez face à estática reaccionária traduz um potencial de
recrutamento ideológico e orgânico para engrossar as fileiras da dignidade
nacional e rejeitar o cativeiro da dívida. Somos poucos? Não. Precisamos de ser
mais. Precisamos de elevar a qualidade cívica e cultural das organizações e das
massas. Não faltam registos (positivos e negativos) de profundas alterações de
ordem colectiva e pessoal a partir de recursos primários. O cristianismo
principiou com doze apóstolos. Os vietnamitas venceram os USA na proporção de
um combatente para doze. Até o hipermercator Belmiro nasceu do nada e o Amorim holding nasceu a contar rolhas. E por
aí adiante. A leitura de Ascensão e queda
do euro, livro silenciado pela Imprensa generalista e económica, motivou esta reflexão em forma
de manifesto. Outras conclusões e extrapolações se poderão e deverão tirar, página
a página. É um manual de debate. Logo, de combate. O título introduz uma carga
simbólica pesada. Depois do pesadelo militar germânico (ocupacionista,
anexionista, esclavagista, liquidacionista), o fantasma prussiano-ariano volta
a arrepiar a espinha dorsal da Europa, agora através da ocupação, anexação,
escravidão da dívida. Ascensão e queda
do euro ou do IV Reich? A queda do euro é visível (falta de confiança,
instabilidade, desvalorização). Resta apurar se o euro, de queda em queda,
evoluirá para a extinção (periférica ou geral). Pode-se comparar o euro a um veículo com 23 secções articuladas, nas
quais todas as rodas são de dimensões diferentes. Não irá longe. É a
previsão de Rudo de Ruijter. Outros apontam desfechos menos categóricos,
porventura de agonia assistida e gradualizada. Igualmente dolorosa. A guarda da
capoeira está entregue à raposa. Os ajustamentos continuarão a afectar os do
costume: os mais desfavorecidos economicamente e indefesos politicamente. Pouco
ou nada há a esperar do sistema senão austeridade sobre austeridade e
indesejáveis heranças para as
gerações perdidas. Contra a factura, a fractura. Naturalmente incumbe aos
espoliados, enganados e humilhados desencadear e suportar o processo
alternativo. É uma questão de princípio, mas irrenunciável, conforme nos
ensinam e relembram as experiências da luta de classes. Que do lado popular
sairá mais dotada e alentada ao ler e reler Ascensão
e queda do euro. Cada livro que desvende os meandros e os desmandos do
grande capital é um projéctil de Adams contra as munições de Rothschild.
Saber ler é preciso. A democracia agradece.
Saber ler é preciso. A democracia agradece.
[1]. Sentença atribuída a Mayer Amschel Rothschild (El Mundo, Pablo Pardo, Washington,
17/06/2012).
[2]. John Adams (1735-1826), segundo presidente dos
USA.
[3]. Ascensão e
queda do euro, Chiado Editora, 2012, Lisboa, ISBN: 978-989-697-548-7.
[4]. Para onde
vais, Senhor? Pergunta de Pedro a Jesus. Segundo textos apócrifos, Cristo desceu
dos céus para repreender o líder cristão no momento em que este se evadia do
cárcere: Já que abandonas o meu povo, vou
a Roma para ser outra vez crucificado. Garantem as Escrituras não oficiais
que Pedro, envergonhado e contrito, permaneceu, entre os seus, na capital do
Império, enfrentando a justiça de Nero, que o terá mandado supliciar. De cabeça
para baixo, por vontade do apóstolo, que considerou não merecer uma morte igual
à do Divino Mestre. Mas os condutores de rebanhos dos Senhores e das Senhoras
da Europa, a começar pelo Imperador Americano e pela Imperatriz Germânica, só
serão julgados e pregados na cruz, até agora, reservada ao comum dos cidadãos e
aos rebelados, se eclodir uma Revolta dos Escravos. Mas não há revoluções
oferecidas. Têm de ser pacientemente, diligentemente, sabiamente preparadas.
NOTA DO EDITOR: Este texto de César Príncipe está no RESISTIR.INFO.
Ascensão e queda do euro pode ser adquirido na Livraria Barata (Av. Roma, 11, Lisboa) ou encomendado on line à Bertrand , Wook , FNAC ou Chiado . A Bertrand, a Wook e a FNAC fazem desconto sobre o preço de capa (€14) mas cobram portes, a Chiado não cobra portes mas não faz desconto. .
O livro reune trabalhos de um conjunto de investigadores que expõem as causas reais da crise da moeda comum europeia e da própria UE. Esta obra é uma tentativa de relançar as discussões que realmente importam – ultrapassando a desinformação dos media, com os seus economistas vulgares formatados na ideologia neoliberal. Também pode ser adquirido directamente no RESISTIR.INFO.
http://www.bertrand.pt/ficha/ascensao-e-queda-do-euro?id=12851656
,
http://www.wook.pt/product/printproduct/id/12851656"
http://www.fnac.pt/Ascensao-e-Queda-do-Euro-Jorge-Figueiredo/a595085?PID=5&Mn=-1&Ra=-1&To=0&Nu=1&Fr=0"
http://www.chiadoeditora.com/index.php?page=shop.product_details&category_id=0&flypage=flypage.tpl&product_id=634&option=com_virtuemart&Itemid=&vmcchk=1&Itemid=1"
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Ascensão e queda do euro pode ser adquirido na Livraria Barata (Av. Roma, 11, Lisboa) ou encomendado on line à Bertrand , Wook , FNAC ou Chiado . A Bertrand, a Wook e a FNAC fazem desconto sobre o preço de capa (€14) mas cobram portes, a Chiado não cobra portes mas não faz desconto. .
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