"Recordar, Ary, a tua voz, hoje, é um acto de gratidão colectiva e de decência intelectual e revestir-se-á, para alguns, de um timbre de coragem, neste tempo de literaturas light ou de celofane ou de cordel electrónico, jorradas pelas indústrias da Pax Americana e de suas periféricas rotativas, visando a pacificação da miséria e a normalização do arbítrio."
Faz hoje dez anos que organizei na Arca das Letras um tributo a este genial construtor de palavras. O tributo contou com a participação de Simone de Oliveira e de César Príncipe, que, então, escreveu um singular texto que pouco poucos dias depois deu origem ao livro "Sentado no muro do Cemitério a ver passar a Classe Operária". Foi uma sessão memorável: Simone falou da sua relação com Ary, cantou e disse obras do Poeta; e a Cidália Santos e o Amílcar Mendes deram voz a alguns dos seus mais conhecidos poemas. Participaram mais de duas centenas de pessoas, que, assim, assinalaram os 20 anos da morte daquele que nos disse e continua a dizer: "Com bandarilhas de esperança/afugentamos a fera/estamos na praça da Primavera."
Porto (1954). Autor, editor, jornalista. Tem prosa espalhada por jornais, livros e revistas. Assinou e deu voz a crónicas de rádio. Foi dirigente do Sindicato dos Jornalistas (SJ) e da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP). Publicou o romance "Português Suave" e o livro de crónicas "O Terceiro Anel Já Não Chora Por Chalana". É um dos autores portugueses com obra publicada na colecção "Livro na Rua", que é editada pela Editora Thesaurus, de Brasília. Tem textos publicados no Resistir.info e em diversos sítios da América Latina e do País Basco. É autor da coluna semanal "Sinais de Fogo" no blogue "A Viagem dos Argonautas". Assina a crónica "Farpas e Cafunés" na revista digital brasileira "Nós Fora dos Eixos".
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