sábado, 8 de novembro de 2014



Foi no início dos anos 80 que o escritor César Príncipe escreveu na sua habitual coluna na última página do diário onde exercia com probidade o seu ofício de jornalista:
"A melhor maneira de assaltar um banco é utilizar uma caneta Parker."
A história e as estórias que hoje são conhecidas confirmam o lúcido aviso que César Príncipe fez há mais de 30 anos e que aqui cito de cor. A nível interno e a nível externo, muitos foram os bancos assaltados por respeitáveis cavalheiros e um significativo número de ex-ministros e ex-secretários de Estado, doutores e engenheiros, banqueiros e bancários, que reduziram a cinzas as poupanças de cidadãos que neles confiaram.
Todavia, sabe-se hoje, as acções de pilhagem levadas a cabo por toda esta respeitável gentalha já não poupa as nações. O mundo está refém de uma ordem criminosa, tal qual afirma e denuncia Eduardo Galeano,  escritor e jornalista uruguaio e um dos mais intervenientes intelectuais dos nossos amargurados dias.
Confirma-o, por exemplo, a notícia publicada na última quinta-feira em mais de 40 meios de comunicação internacionais, com reprodução de vários documentos que provam a existência de acordos secretos, já conhecidos como Luxembourg Leaks e que beneficiam multinacionais conhecidas como a Apple, a Amazon, a Ikea ou a Pepsi.
Tais acordos, estabelecidos entre 2000 e 2010, embora "legais", mostram uma deturpação do sistema fiscal europeu. "É como levar o plano fiscal ao Governo para ser aprovado e abençoado previamente", comentou um professor de Direito Fiscal da Universidade de Connecticut.
Acresce que o sr. Juncker, que acaba de render o dr. Barroso na presidência da Comissão Europeia,  foi primeiro-ministro do Luxemburgo, entre 1995 e 2013, período em que os acordos agora tornados públicos foram assinados.
Ou seja: foi o sr. Junker que, como já afirmou Martim Schultz, presidente do Parlamento Europeu, assinou por baixo procedimentos que facilitam "a fraude e evasão fiscais"  e que lesam as nações e os cidadãos.
Cidadãos a quem a ordem criminosa que domina o mundo acusa de viver acima das suas possibilidades. Despudoradamente.

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