segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

O GOLO DE IBRAHIMOVIC






O sueco Zlatan Ibrahimovic  é um dos melhores jogadores do mundo.
2º E acaba de marcar um dos mais belos golos de sempre da História do futebol.
3º O golo de Zlatan levantou o Parque dos Príncipes e está a levantar o mundo.
4º Ibrahimovic despiu a camisola do PSG e mostrou o tronco do corpo tatuado com os nomes de alguns dos 805 milhões de vivos ignorados que os senhores do mundo condenam à fome.
5º Zlatan  foi o escolhido pela ONU para a campanha que visa abalar consciências e despertar solidariedades.
6ºE, o jogador sueco, não se fez rogado: imprimiu para sempre o nome daqueles que ignoramos.
7º Uns por puro banditismo; outros porque o mal dos outros não é coisa que nos importe.
8º  Ibrahimovic não ficará na (pequena)história por ser o jogador mais bem pago de sempre.
9º  Ou por coleccionar “Bolas de Ouro”, carros à “James Bond”, casas, fatos, sapatos, namoradas, ganhar milhões a vender champô para a caspa, ser entrevistado pelo prof. Marcelo ou ser o chefe de um clã que a indústria do futebol resgatou à miséria atlântica.
10º Zlatan  Ibrahimovic já está na História do futebol e do Mundo por ser solidário com 805 milhões de vítimas e, com o seu gesto, dar-lhes voz.  Honra lhe seja feita, pois.


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Zé Ninguém:
Não escutes o dr. Cavaco*







 “Zé Ninguém”:
1º Não escutes o que o dr. Cavaco diz.
2º Nem o que diz o dr. Coelho.
3º O primeiro repete aquilo que diz o segundo, e este aquilo que dizem frau Merkel e herr Schäuble.
4º E os quatro dizem aquilo que lhes é mandado dizer pelos que gerem a ordem criminosa que domina o mundo.
5º Uma ordem criminosa que promove a guerra; a invasão de países e a destruição cultural e civilizacional dos seus povos; condena milhões e milhões de mulheres, homens e crianças a morrer de fome; e impõe salários mínimos e lucros máximos.
6º Escuta “Zé Ninguém”: não gastes energias a vasculhar a caixa do correio do teu vizinho para saber se ele recebe o Rendimento Mínimo.
(Isso são migalhas comparadas com aquilo que todos os Espírito Santo deste mundo não declaram ao “Fisco”, colocam em paraísos fiscais e em bancos especialistas em lavar dinheiro sujo.)
 7º “Zé Ninguém” a tua guerra é outra: impedir que meia dúzia de canalhas controlem 99% da riqueza mundial e só deixem ficar 1% para a imensa maioria dos outros. Ou seja: para aqueles, que com o seu trabalho, a produzem.
8º E não engulas em seco quando te acusam de viver acima das tuas possibilidades. Rebela-te, pois tu sempre viveste com o pouco que te pagam pelo teu trabalho.
9º O dr. Cavaco, esse sim, tal qual todos aqueles que são defensores da austeridade para os outros, é que vive acima das reais possibilidades do país.
10º A sua presidência custa-nos 16 milhões de euros ano após ano.
11º A nós que já pagamos 21 milhões de euros de juros diários por via de uma dívida contraída em nosso nome mas para o qual não fomos nem ouvidos nem achados.
12º Vá, “Zé Ninguém”, acorda não deixes que “os homens no poder o assumam em teu nome”.





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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

CARTA AO MINISTRO DOS CONDENADOS


Ex.mo Sr. Dr. Paulo Macedo
M.I. Ministro da Saúde
Senhor,
Escrevo-lhe depois de VExa ter vivido dias atribulados e que culminaram com um nosso concidadão a exigir que o não condenassem à morte pelo facto de padecer de hepatite C.
O senhor estava em audiência par(lamentar), a tentar inventar uma razão para a falta de médicos, enfermeiros, auxiliares, camas, macas, medicamentos (e, assim, passar ao lado das pessoas que morrem em pleno serviço de “Urgência”) quando o senhor Saldanha resolveu cortar-lhe o  fraseado monocórdico, atrevendo-se a reclamar por um direito que a nossa Constituição e a Civilização consagram: o direito à vida.
Uma interrupção perturbadora, pois. As preocupações de VExa e de todos os excelentíssimos pares (ministros, secretários, subsecretários, directores-gerais, assessores, etc;), pelo que se vê reduzem-se a uma: o país deve ter dinheiro para pagar os milhares de milhões de juros devidos pelo generoso empréstimo da “troika”, que, diz VExa e todos os outros ilustres colegas, nos salvou da bancarrota - apesar da bancarrota e da farta vilanagem continuarem como VExa bem sabe, pois foi vice-presidente de um grande banco privado e o caso BES/GES ser disso escandaloso exemplo.
Há pois que arranjar essa “pipa de massa”, perdoe-me a expressão popularucha (mas limito-me a citar aqui, o seu companheiro de austeridade para os outros, o dr. Barroso), mesmo que isso obrigue a esganar a populaça com impostos e mais impostos, a cortar nos já magros salários da generalidade dos cidadãos (ou cidadões, para utilizar o acordo ortográfico do senhor PdR), ou, para entrar na sua área, a encerrar centros de Saúde, a não contratar pessoal médico e de enfermagem; ou a não adquirir, em tempo devido, um medicamento que pode salvar a vida do senhor Saldanha e de mais alguns milhares de portugueses que tiveram a infelicidade de contrair um mal grave mas sem dinheiro para luxos de doenças caras.

(Confesso: ainda coloquei a hipótese de escrever esta missiva ao seu chefe de Governo. Até porque entendo que os chefes são aqueles que devem ser primeiramente responsabilizados, mesmo que tenham ar de inimputáveis. Mas após consultar o seu currículo no Portal do Governo e de o comparar com o do seu chefe, cheguei à seguinte conclusão: o do senhor ministro é muito mais denso, além de que o do seu chefe, confirmou ele próprio com o currículo que plasmou no tal portal, é típico de alguém que nada mais fez na vida do que vestir a camisola do partido conveniente, escolher os amigos certos, como foi o caso do inefável engº Ângelo Correia, e de agora ser o coelhinho amestrado dos contos de criança de frau Merkel).

O senhor, não. O senhor ministro tem lastro. Foi director-geral dos Impostos, administrador de banco, administrador da Médis, Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, auditor, professor universitário, é uma grande máquina de contabilidade. Tanto, que até há algumas semanas atrás, ou seja até às mortes nas “urgências” e até ao falecimento da mãe daquele jovem a quem prometeu investigação apurada das causas que levaram a não ser administrado o medicamento que lhe salvaria a vida, era considerado um dos ministros mais populares de um governo de pés para a cova.

Trata-se de um medicamento criminosamente caro, é verdade. Mas a sociedade que VExa defende, através da sua acção e da do grupo que aceitou integrar, impõe tais regras de mercado. Por isso não pode nem deve vir agora bradar contra o superpoder da indústria farmacêutica. Um poder tão exemplar como aquele que coloca Jardim Gonçalves, ex-patrão do banco onde VExa foi administrador, a receber uma reforma multimilionária num país onde o salário mínimo é de € 505,00.

Senhor ministro: VExa e a respectiva multinacional, pressionados pelo clamor dos condenados à morte, chegaram a um acordo de cavalheiros.
Mas permito-me alguma dúvida: tendo os hospitais as finanças depauperadas, será que as verbas necessárias chegarão a tempo e no montante devido?
Creia-me sempre atento








*Crónica publicada hoje em aviagemdosargonautas.net