sexta-feira, 25 de maio de 2012

Hoje combate-se a farsa




QUANTOS SEREMOS?

Não sei quantos seremos, mas que importa?!
Um que fosse, e valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.


Miguel Torga



Nota do editor: Hoje é dia de manifestação em Lisboa.  Hoje, como sempre, combatemos a farsa e os farsantes.

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