quinta-feira, 31 de maio de 2012

A morte do Padre!

O velho padre, durante anos, tinha trabalhado nas missões africanas, mas voltou a Lisboa, doente, às portas da morte. No Hospital de Santa Maria corre a notícia.
Já nos últimos suspiros, ele faz um sinal à enfermeira, que se aproxima.
Sim, padre?
Eu queria ver dois proeminentes políticos antes de morrer: Cavaco Silva e Passos Coelho.
Sim, padre, verei o que posso fazer.
A enfermeira entra em contacto com a Presidência e a Chefia do Governo e os dois titulares confrmam a disponibilidade para visitar o enfermo e confortar o moribundo.
A caminho do hospital, Cavaco manifesta a sua perplexidade a Passos Coelho:
Eu não sei porque é que o velho padre nos quer ver, mas certamente que isso vai ajudar a melhorar a nossa imagem perante a Igreja e o povo.
Passos Coelho concordou, naturalmente.
Era uma grande oportunidade para a Presidência e para o Governo, em queda de popularidade. Resolveram mesmo enviar um comunicado oficial à imprensa sobre a visita.
Quando chegaram ao quarto, com um batalhão de jornalistas, o velho e alquebrado padre pegou na mão de Cavaco Silva com sua mão direita e na mão de Passos Coelho, com sua esquerda.
Houve um pesado e tocante silêncio e notou-se a serenidade no semblante do santo padre.
Passos Coelho, morto de impaciência, pergunta:
Padre, porque é que fomos nós os escolhidos, entre tantas pessoas, para estar ao seu lado, nesta hora?
O padre respondeu, com a voz trémula:
Sempre, em toda a minha vida, procurei ter como modelo Nosso Senhor Jesus Cristo.
Demos graças a Deus, murmura Cavaco.
Demos graças a Deus, sussurra Passos .
E o padre esclarece, largando as mãos dos convidados:
Como Ele morreu entre dois ladrões, quis imitá-lo!

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