quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Valentões do Minho.

Soares Novais


Os minhotos de Guimarães e os minhotos de Braga detestam-se. Por isso, sempre que se enfrentam há mosquitos-por-cordas. Ou seja: há cadeiras pelo ar; chegam fogo a tudo que possa arder; dão chapada de meia-noite; e insultam as respectivas mãezinhas.
Foi o que aconteceu no último domingo, tendo como palco o estádio que ostenta o nome do fundador da mátria lusa. Um palco que os minhotos de Guimarães e os minhotos de Braga transformaram num imenso e esquizofrénico campo de batalha.
A partida, entre as respectivas equipas “B”, durou escassos oito minutos. E terminou logo ali. Por decisão do árbitro que, perante a batalha que se desenrolava nas bancadas, mandou recolher as equipas aos balneários. Previdentemente e antes que a rapaziada da bola fosse contagiada pelo surto de brutalidade que os adeptos exibiam em todo o seu esplendor.
Dizem os jornais que a coisa esteve feia. A polícia de choque correu a rapaziada da bola à bastonada e assim evitou o prolongamento de uma ridícula batalha - protagonizada por zombeteiros que, embora vivam no século XXI, mais parecem personagens próprios da Idade da Pedra.
Pena é que estes valentões do Minho desperdicem o seu talento para a chapada num mero jogo de futebol, e que apenas se indignem com as coisas da bola.
É que depois de 1975, ano em que “heroicamente” assaltaram e incendiaram sedes partidárias em Braga, os minhotos apenas saíram à rua para dar uns valentes tabefes a Luís Marques Mendes, imediatamente após a equipa do Famalicão ter sido condenada a descer de divisão.
Tabefes que, recordo, apenas serviram para guindar os dois líderes da ira famalicense: um à condição de arquitecto e presidente de câmara; outro a vice-presidente da bancada parlamentar. Mas ambos sob a capa protectora do partido que já foi presidido por um comentador político que jamais logrará ser Morgado de Fafe.

A tempo: O Guimarães B - Braga B não foi policiado. Os clubes têm milhões para pagar a jogadores, mas nem um euro para requisitar a presença policial. Agora, todos lamentam o sucedido. O presidente da Liga considera haver “acontecimentos alarmantes” e lembra que “há dias o senhor ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares [Miguel Relvas] disse que há segurança no desporto".



Crónica publicada no semanário

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Acossados.

Soares Novais


Sou acossado por uma matilha de cães raivosos.
Eu e todos aqueles que não têm pai rico e estão impedidos de “ir ao BES.”
Ao BES e a todos os outros, pois, como muito bem se sabe, “ir aos bancos” é, hoje, privilégio só ao alcance de alguns.
Como o Dias Loureiro e o Duarte Lima, por exemplo, que são gente de boas contas e cumpridores zelosos das suas  obrigações. Tal qual o dono do BES.
Dono do BES que, como foi tornado público, rectificou a sua declaração de IRS por três vezes e sempre para acrescentar mais uns milhões de euros de rendimentos; ou, também, como o senhor Américo Amorim, que recheou as contas da sua holding com a compra de milhares de pensos higiénicos.
A eles o “Fisco” não penhora salários e os bancos não sacam as casas. Talvez por não serem T1 ou T2 construídos com muita areia e pouco cimento; ou, simplesmente, porque não sabem ao certo se um dia não fazem deles ministros ou secretários de Estado.
Ou presidentes de conselhos de administração de bancos. E, por essa escolha, terem de lhes pagar 10 milhões de euros à cabeça, que foi o que exigiu o sábio Miguel Cadilhe para liderar o falido BPN. Mesmo que o tenha feito por escassos seis meses.


A tempo: O fotojornalista Daniel Rodrigues ganhou o primeiro prémio da categoria Vida Quotidiana do concurso de 2013 do World Press Photo com uma imagem de jovens a jogar futebol num campo de terra na Guiné-Bissau.  Daniel é minhoto de Riba de Ave, tem 25 anos, trabalhou a recibos verdes e é um dos muitos de milhares de portugueses sem trabalho.  Para sobreviver  e  “pagar as contas” teve de vender o seu material fotográfico.  Deixo-lhe aqui um conselho, caro Daniel: concorra ao próximo “BES Photo”, pois pode ver o seu talento recompensado pelo banco do Dr. Ricardo Salgado.


Crónica publicada no semanário













segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Gargalhadas.

Relvas foi ao Clube dos Pensadores. Quando soube, o Professor Agostinho da Silva não mais parou de gargalhar!

Soares Novais

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os malhadinhas.


Soares Novais

O ministro Relvas é o Malhadinhas do século XXI.
É rústico, grosseiro, manhoso.
Não tem escrúpulos.
Prova-o o seu percurso de vida e as trapalhadas que tem protagonizado.
É um almocreve insolente.
Agora, a propósito da nomeação imoral de Franquelim Alves, que na sua juventude foi companheiro de Durão Barroso no MRPP, o ministro Relvas atirou:
“Tudo não passa de uma cabala”.
Disse-o com os olhos a brilhar, como se estivesse a sair da piscina do Copacabana Palace e tendo como companhia o seu exemplar amigo Dias Loureiro com quem passou férias natalícias.
O Malhadinhas, criado por Mestre Aquilino, apesar de rústico, grosseiro e manhoso, tinha, contudo, preceitos sagrados de honra e de palavra.
Preceitos sagrados que o ministro Relvas não tem.
Nem ele, nem o ministro Álvaro.
Álvaro que, perante os deputados, não teve rebuço em atribuir a Franquelim Alves a paternidade de uma carta que ele não subscreveu.
Uma carta onde, segundo o ministro Álvaro, o agora secretário de Estado alertava para as maldades protagonizadas pela quadrilha que liderava o BPN e que tantos  males nos causa.
Estamos, pois, e por enquanto, entregues a estes malhadinhas.
Malhadinhas que, infelizmente para nós, não são fruto do génio literário de Aquilino Ribeiro.

 Crónica publicada no dia 13 de Fevereiro no