Os minhotos de Guimarães e os minhotos de Braga detestam-se. Por isso, sempre que se enfrentam há mosquitos-por-cordas. Ou seja: há cadeiras pelo ar; chegam fogo a tudo que possa arder; dão chapada de meia-noite; e insultam as respectivas mãezinhas.
Foi o que aconteceu no último domingo, tendo como palco o estádio que ostenta o nome do fundador da mátria lusa. Um palco que os minhotos de Guimarães e os minhotos de Braga transformaram num imenso e esquizofrénico campo de batalha.
A partida, entre as respectivas equipas “B”, durou escassos oito minutos. E terminou logo ali. Por decisão do árbitro que, perante a batalha que se desenrolava nas bancadas, mandou recolher as equipas aos balneários. Previdentemente e antes que a rapaziada da bola fosse contagiada pelo surto de brutalidade que os adeptos exibiam em todo o seu esplendor.
Dizem os jornais que a coisa esteve feia. A polícia de choque correu a rapaziada da bola à bastonada e assim evitou o prolongamento de uma ridícula batalha - protagonizada por zombeteiros que, embora vivam no século XXI, mais parecem personagens próprios da Idade da Pedra.
Pena é que estes valentões do Minho desperdicem o seu talento para a chapada num mero jogo de futebol, e que apenas se indignem com as coisas da bola.
É que depois de 1975, ano em que “heroicamente” assaltaram e incendiaram sedes partidárias em Braga, os minhotos apenas saíram à rua para dar uns valentes tabefes a Luís Marques Mendes, imediatamente após a equipa do Famalicão ter sido condenada a descer de divisão.
Tabefes que, recordo, apenas serviram para guindar os dois líderes da ira famalicense: um à condição de arquitecto e presidente de câmara; outro a vice-presidente da bancada parlamentar. Mas ambos sob a capa protectora do partido que já foi presidido por um comentador político que jamais logrará ser Morgado de Fafe.
A tempo: O Guimarães B - Braga B não foi policiado. Os clubes têm milhões para pagar a jogadores, mas nem um euro para requisitar a presença policial. Agora, todos lamentam o sucedido. O presidente da Liga considera haver “acontecimentos alarmantes” e lembra que “há dias o senhor ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares [Miguel Relvas] disse que há segurança no desporto".
Crónica publicada no semanário
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