terça-feira, 5 de março de 2013

O sabichão da tevê.

Soares Novais

Há 15 dias atrás, o sabichão da tevê, que fala sobre tudo com a ligeireza de um comentador de café, disse na sua missa dominical:
“O povo já percebeu que não pode ser de outra forma e às manifestações já só foi gente do PC e do BE”.
As “manifes” do último sábado, que juntaram 1,5 milhões de pessoas em todo o país, provam que o sabichão está enganado. Ou que, pura e simplesmente, é um mentiroso compulsivo. Tal qual acontece com o governo que vende na tevê semana após semana.
Profissional do beijinho e do abraço e da palmadinha nas costas, o sabichão da tevê bem podia ganhar a vidinha a vender sabão macaco, pensos higiénicos ou cuequinhas de senhora.
Mas não: o sabichão da tevê ganha a vida com a língua. E como fala com a rapidez de uma metralha, alguns ainda lhe dão crédito. Afinal, sabe-se, quando “um professor fala o mundo acredita”. Também era assim com a “Voz dos Ridículos” – programa de humor que fez história na rádio nortenha.
Uma coisa é certa: a este sabichão da tevê, que os lisboetas deixaram a banhar-se nas águas do Tejo e que foi corrido da liderança do seu próprio partido, a história não lhe reservará nenhum lugar.
Daqui a 20 anos já ninguém se lembrará dele e dos seus dichotes.
Ao invés, aposto, todos continuarão a entoar “Grândola, Vila Morena” se a isso a vida os obrigar…


A tempo: Esta crónica foi escrita bem antes da missa dominical do sabichão da tevê. Mas tenho a certeza que, posto perante o imenso coro de protestos, terá arranjado uma explicação qualquer. Por mais inverosímil que seja. É a sua especialidade. Para gáudio da santinha de Sintra. Como antes o foi para o pastorinho das Antas.

Crónica pubicada no semanário

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