quarta-feira, 23 de abril de 2014

  • De Pessoa, há uma fotografia, do ano da sua morte, que me vem perseguindo. Matar-se já não é um gesto irrepetível, individual (dirigido contra si próprio). O suicídio começa a ser colectivo, nosso contemporâneo.


  • Os pobre-diabos deste mundo (e os donos deles sentam-se ao lado uns dos outros, à nossa vista) só têm uma solução: organizar-se inteligentemente. Ou morrem. Agradeço ao escritor norte-americano Jack London (aventureiro e suicida) o cão de trenó que me deu. É infalível. Quando há uma fenda (neste mundo gelado) estaca, eu aproximo-me dele para ver o que há, e ficamos os dois ali a pensar na rota e na puta da vida. A vida está com os cornos desembolados; enquanto grandes toureiros a enfrentam, na arena, eu, na fasquia, observo como ela marra. Quero aprender, com eles, a voltear bem a capa, ou a colhida é certa.

Reencontro-me com Sebastião Alba (1940-2000). Poeta, Pensador, Libertário, que morreu atropelado por uma motorizada em Braga - cidade onde foi vagabundo e desafiou as leis estabelecidas. “ Se encontrarem morto “ o teu irmão” Dinis, o espólio é fácil de verificar: dois sapatos, a roupa sobre o corpo e alguns papéis que a polícia não entenderá. “ 

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