quinta-feira, 24 de abril de 2014

Quarenta anos depois do 25 de Abril, a minha memória está recheada de mortos. De mortos, cujos exemplos de vida continuam vivos para mim.
Oiço, amiúde, a voz cristalina e limpa  do Adriano (Correia de Oliveira) sempre que atiro o meu olhar para a margem esquerda do "Douro" e ele poisa em Avintes - a sua terra-mãe;
Cruzo-me com a alegria e a combatividade de Virgínia Moura, sempre que passeio pela "baixa" do Porto e relembro as vezes que subi as escadas íngremes do prédio da Rua de 31 de Janeiro que me levavam ao encontro de Armando e Raúl Castro - figuras singulares da Resistência ao Fascismo.
Por vezes, vou a Francelos para revêr Beatriz e Mário Cal Brandão e, assim, voltar a ouvir as palavras generosas de duas das melhores pessoas com quem tive o privilégio de privar.
(e recordo-me do meu tio Fernando António, sempre que passo pelo edifício do Banco de Portugal - casa a que voltou, após o 25 de Abril, para ser um director sempre ao lado dos trabalhadores; e vejo-me às cavalitas de meu pai - Florêncio D'Aguiar Novais -  a saudar Humberto Delgado quando o Martim, meu filho, participa nas feirinhas da "Carlos Alberto").
Agradeço a todos eles a sua generosidade e invoco-os aqui como exemplos de pessoas que, cada uma à sua maneira, contribuíram para o dia "inteiro e limpo" que hoje celebramos e a quem sempre regresso quando preciso de ganhar forças para as batalhas que se avizinham.
Sobretudo, agora que a mátria está entregue  a esta gente pequenina que nos quer roubar o futuro.

Soares Novais










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