sábado, 29 de setembro de 2012

Diz Borges: o ti' Belmiro é ignorante.

Soares Novais

Leio na edição digital do DN:
"O consultor do Governo para as privatizações defendeu hoje que a Taxa Social Única (TSU) é uma medida inteligente e acusou os empresários que a criticaram de serem  ignorantes."
Aposto: o ti' Belmiro, e todos os outros patrões que se manifestaram contra o aumento da TSU para os trabalhadores, deve ter gostado de ouvir o consultor do seu/dele Governo a chamar-lhe ignorante...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Hábeis como os mais hábeis carteiristas.

"Quando se trata de ir aos bolsos dos portugueses, a imaginação do Governo supera a dos mais hábeis carteiristas", afirmou o deputado António Filipe, numa declaração política na Assembleia da República.

 

 

Está  tudo dito.
Tal  qual é.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A tesoura de Cristas.

Soares Novais

1 - A ministra Cristas esteve na Régua, no último sábado, mas não deu cavaco aos dirigentes da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO), que outro remédio não tiveram do que lavrar o seu protesto na rua.
Cristas trocou a conversa, solicitada, por uma ida a uma quinta onde, pasme-se!, pegou num balde e numa tesoura e foi vindimar para o meio dos trabalhadores*. Para jornalista testemunhar e o país ver. Já se vê!
A ministra apresentou-se com fatiota a preceito: cabelo apanhado, camisa cintada e calças de ganga de marca. Já se sabe: o  Dr. Portas é um bom mestre e a Drª Assunção é uma boa aluna!
Como quase sempre acontece quando há visita ministerial, seja a uma repartição de finanças, a uma fábrica ou a uma quinta, os trabalhadores são convidados a participar na festança. Foi o que ali aconteceu: mimaram a senhora ministra com sorrisos grátis e até a brindaram com uma cantiga de trabalho.
Estava, pois, tudo a correr no melhor dos mundos. Não fora o facto de uma vindimadora, ter-se acercado da ministra, com o pão numa mão e a malga da sopa na outra mão, e logo ali mostrar-lhe o seu retrato. A preto-e-branco: apesar dos seus 67 anos e de estar reformada tem de trabalhar para ajudar os filhos.

2 - A ministra Cristas é a mais simpática, a mais jovem e a mais giraça de todas as senhoras ministras do elenco de Passos e Portas. É certo. Mas os problemas que afectam a agricultura e os agricultores resolvem-se ouvindo as suas ideias e propostas. E é isso que esta ministra não faz.
Que o digam os produtores de leite do Minho, por exemplo. Esmagados pelos custos elevados das rações, da alimentação de base e da silagem de milho, pelo custo do gasóleo, por impostos sociais e impostos fiscais cada vez mais elevados e por altíssimos juros bancários, os produtores são obrigados a vender cada litro de leite por míseros 26 cêntimos.
Uma situação dramática que os empurra para a falência e a miséria; os leva a ocupar as ruas e praças em protesto; e a manifestaram toda a sua angústia e revolta em escritos como este:
“Como é possível meus caros senhores, o produtor de leite sobreviver nos dias de hoje? Com todos estes custos com que nos defrontamos todos os dias, estamos obrigados à escravatura. Mas infelizmente há dias atrás um senhor, que acompanhava sua Excelência a Ministra Assunção Cristas, disse que agricultura estava no bom caminho em Portugal. É triste! Infelizmente só demonstra desconhecer a realidade da agricultura portuguesa.”  (Manuel de Sousa Novais**, de Grimancelos, no seu blogue Arte de Pensar).
Nota final - Eu sei a razão que leva a ministra Cristas a não ouvir os agricultores: o elenco de Passos e Portas só lavra a favor dos ricos e dos poderosos.

 

*É fácil ser popular. Ser do Povo é que é difícil;
**Apesar do apelido Novais, o cronista não tem nenhum laço familiar com o produtor.

Crónica publicada no dia 25 de Setembro no semanário
 


 

















domingo, 23 de setembro de 2012

CGTP diz como evitar mais sacrifícios.

1 - Criação de uma taxa sobre as transacções financeiras
A criação de um novo imposto, com uma taxa de 0,25%, a incidir sobre todas as transacções de valores mobiliários independentemente do local onde são efectuadas (mercados regulamentados, não regulamentados ou fora de mercado), excepcionando o mercado primário de dívida pública. Esta medida permitirá arrecadar uma receita adicional de 2.038,9 milhões de euros.
2 - Introdução de progressividade no IRC
A criação de mais um escalão de 33,33% no IRC para empresas com volume de negócios superior a 12,5 milhões de euros, de forma a introduzir o critério de progressividade no imposto. A incidência deste aumento é inferior a 1% do total das empresas. Esta medida permitirá arrecadar uma receita adicional de 1.099 milhões de euros
3 - Sobretaxa de 10% sobre os dividendos distribuídos
A criação de uma sobretaxa média de 10% sobre os dividendos distribuídos, incidindo sobre os grandes accionistas (de forma a garantir um encaixe adicional de 10% sobre o total de dividendos distribuídos), com a suspensão da norma que permite a dedução constante sobre os lucros distribuídos (art. 51º do CIRC), o que permite às empresas que distribuem dividendos deduzir na base tributável esses rendimentos desde que a entidade beneficiária tenha uma participação na sociedade que distribui pelo menos 10% do capital. Esta medida permitirá arrecadar uma receita adicional de 1.665,7 milhões de euros.
4 – Combate à Fraude e à Evasão Fiscal
A fixação de metas anuais para a redução da economia não registada, com objectivos bem definidos e a adopção de políticas concretas para a sua concretização. Esta medida permitirá arrecadar uma receita adicional de 1.162 milhões de euros.


quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Acácio de Carvalho convoca espíritos.

Acácio de Carvalho, um notável  renovador do espaço plástico,  grande programador cénico, com absoluto controlo da côr e da forma,  "Convoca Espíritos", em Santillanda del Mar, na Cantábria (Espanha).





"Um volume que parecendo desafiar a gravidade
se eleva do chão e como que sem peso, paira suspenso.
Um volume que parecendo impenetrável  
nos afaga porque quando o devassamos como que nos recebe e acolhe.
Um volume que parecendo silente
porque o prescrutamos se torna num murmúrio que suscita a música.
Um volume que parecendo estático
porque o provocamos desencadeia a inércia em movimentos aleatórios.
Um volume que nos convoca e interpela em todos os sentidos."


Porto, 31 de Maio de 2006
Manuela Bronze



Ficha técnica:

Autor: Acácio de Carvalho

Título: “Convoca-espíritos”, 2006 / 2012;
Dimensões: 3m x 2,40m x 2m;

Materiais: Canas, Fio-de-pesca, Corda de sisal, Fio-do-norte e Cabo-de-aço;


Realização e Montagem: Acácio de Carvalho, Manuela Bronze ,Maria Gonzaga e Victor Silva.
Local: Espacio Express, Santillana del Mar, Cantabria, Espanha.


quarta-feira, 19 de setembro de 2012

"Contra o esmagamento dos trabalhadores".

Pedro Dias enviou uma carta ao chefe de gabinete do secretário de Estado da Cultura a autodemitir-se do cargo de director da Biblioteca Nacional. O ex-militante do PSD não poupa nas críticas. Leia o que diz o investigador de Coimbra.


"Exmo. Senhor Doutor Rui Pereira Muito Ilustre Chefe de Gabinete do Secretario de Estado da Cultura Palácio Nacional da Ajuda Lisboa Venho, por este meio, manifestar a V. Exa. o meu desconforto pela situação que me foi criada, com os sucessivos adiamentos da minha saída da direcção da Biblioteca Nacional. Ficou claro, quando do surpreendente convite que me foi feito, que só o aceitaria, pelo período necessário que decorresse até à reabertura ao público da Biblioteca Nacional de Portugal. Acaba de passar um ano sobre essa data, em que, todo o espólio da instituição, fisicamente ou através de meios informáticos, voltou a estar disponível. Apesar dos meus apelos, e da minha renúncia formal, em 28 de Dezembro passado, não fui dispensado, acrescendo que, desde 1 de Abril último, por motivo da entrada em vigor da nova Lei Orgânica, me encontro em gestão corrente. Os prejuízos pessoais e familiares para mim são grandes, e do ponto de vista de saúde ainda pior. Mais ainda, não só não me revejo na politica do Senhor Primeiro Ministro, como estou completamente contra ela, e não reconheço legitimidade ao Governo para se manter em funções, por ter renegado todas as promessas feitas ao eleitorado, e que constituem a base da sua legitimidade democrática. É assim absolutamente inaceitável ser cúmplice destas acções, enquanto Director-Geral, participando na delapidação de Portugal e dos seus recursos, em benefícios de grupos económicos, com o esmagamento das classes trabalhadoras e do domínio, no campo politico, da Maçonaria, entidade que sempre combati. Já me desvinculei do PSD, de que já não sou militante, e não desejo voltar a ter qualquer colaboração com esta instituição, que nada tem a ver com a que, a partir de Maio de 1974, ajudei a desenvolver e a afirmar-se. Dado que não consigo falar com Senhor Secretario de Estado, com quem só me avistei duas vezes, desde 1 de Julho de 2011, recorro a V. Exa., para que lhe seja transmitido o teor desta carta. Os problemas que o Governo tem com a substituição dos Directores-Gerais são fruto da sua própria politica, da sua descredibilização e da sua inépcia, pelo que não me devo sujeitar aos resultados das suas acções e omissões, quando sou clara e frontalmente oposição ao mesmo. Enquanto Director-Geral, não boicoto a sua actividade nem deixo de cumprir as minhas obrigações, fazendo tudo o melhor que consigo e sei, mas contrariado. Com os roubos sucessivos que tenho sido alvo, nada me move para auxiliar aqueles que, paulatinamente, arruínam Portugal. Peço pois, uma vez mais, para ser libertado deste fardo que é demasiadamente pesado para mim e que não mereço suportar; é castigo por crime que não cometi. Apresento a V. Exa. os meus mais respeitosos cumprimentos Coimbra, 11 de Setembro de 2012."

A coerência de Maria Teresa Horta.


Soares Novais

A recusa de Maria Teresa Horta em receber o Prémio  Literário D. Diniz das mãos do ainda primeiro-ministro só surpreende quem desconhece a coerância da sua vida e da sua obra.  Maria Teresa Horta não escreve, apenas, poesia ou prosa eróticas. Maria Teresa Horta é uma Mulher de Abril e Maio!
Por isso,  é clara nas razões que invoca para a sua recusa:
"O primeiro-ministro está determinado a destruir tudo aquilo que conquistámos com o 25 de Abril  e as grandes vítimas têm sido até agora os trabalhadores, os assalariados, a juventude que ele manda emigrar calmamente, como se isso fosse natural».
Parabéns, Maria Teresa Horta.
Pelo merecido prémio e pela coerência da sua vida. Pena é que outros intelectuais não lhe sigam o exemplo.



 

A consciência da rua.


*Baptista-Bastos









As imponentes manifestações que chamaram, às ruas de quarenta cidades portuguesas, um milhão de pessoas, possuem um significado que se não exprime, apenas, pela grandeza dos números. Elas são um despertar da consciência cívica nacional e um rebate contra os perigos que este Governo corporiza. Não foi, somente, como alguns pretendem fazer crer, um desagrado ante a anunciada taxa social única. Essa propositada intenção pretende minimizar a extensão do protesto. Os que foram para as ruas demonstraram a sua repulsa por Pedro Passos Coelho e pela inexcedível incompetência maléfica da ideologia que representa. O homem empurra o País para o abismo, e é urgente impedi-lo de o fazer.
António Capucho veio a terreiro advertir-nos. Habitualmente reservado e cuidadoso, as circunstâncias levaram-no, na televisão e no jornal I, a propor a necessidade de "um Governo de salvação nacional, mas sem Passos Coelho". Classificando os propósitos do primeiro-ministro de "ultraneoliberais", afirma: "O Governo não está com falta de apoio das pessoas; o Governo está com o ódio das pessoas."
Capucho é a ponta do icebergue de descontentamento e fúria que lavram e alastram no PSD, onde numerosos dirigentes e outros se interrogam sobre a legitimidade dos actos governamentais. A aplicação deste sistema de domínio, sem regras e sem limites morais, requer um método de respostas de que a natureza dos protestos de 15 de Setembro foi, unicamente, uma expressão serena. Porém, não deixou de ser a exposição de um outro poder, o popular, enfrentando e contestando o outro, por injusto e agressivo.
É preciso não esquecer de que, por vezes, a legalidade, ao exceder- -se, se inscreve na ordem de uma violência que a coloca fora da lei. É o que tem acontecido. Um preopinante anunciou, enfaticamente, ter Passos Coelho perdido o País. Não se perde o que se não tem, e se houvesse dúvidas acerca da impossibilidade de qualquer Governo deter a afeição de um país, as manifestações que chamaram às ruas um milhão de portugueses dariam que reflectir.
Como escrevi, nesta coluna, na última quarta-feira, o ciclo fechou-se sobre Passos e a sua obstinada soberba. E ainda não se registara a explosão ética de cidadania. Depois, surgiram as declarações de Paulo Portas. As características de uma coligação já trémula na essência assinalaram a proximidade da ruptura. Portas é uma personalidade cuja dualidade se conhece. As exigências de uma generalidade governamental não lhe calham bem. E Passos Coelho é suficientemente sobranceiro e autoritário para ceder a vez e desaproveitar a voz. Os dados estão lançados. Mas a alternativa é inexistente. A não ser que a consciência cívica se erga, de novo, e exija que esta nefasta indigência entre o PS e o PSD seja substituída por outras possibilidades. Que as há.



*Crónica publicada na edição de hoje do DN

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Juizes céleres.

Soares Novais

Um dos quatro detidos durante a manifestação, em Lisboa, no último sábado, foi condenado a um ano de prisão. Com pena suspensa. Os outros três foram ilibados, pois são menores.
Fica claro que alguns juizes são céleres a decidir.
Sobretudo, quando se trata de julgar e condenar quem resiste e denuncia o roubo e os ladrões.
Era assim que julgavam os juizes dos tribunais plenários.
É assim que acontece, agora, por via de um elevado número de juizes que há muito aceitou tratar reverencialmente ladrões travestidos de gente importante e poderosa.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Só falta escolher a marcha fúnebre.

Soares Novais

Mesmo aqueles que se deixaram levar pela cantilena já perceberam que o tenor de Massamá é um embuste. Bastou um ano.
Para lá da voz e da posse, não há mais nada.
A sua vidinha só tem um objectivo: servir a quem efectivamente manda.
Isto é: os donos da massa. Sejam eles nacionais ou estrangeiros.
Sábado, em todo o país, mais de um milhão de pessoas encomendou-o ao criador.
Domingo, no Porto, o seu amigalhaço Portas rezou-lhe pela alma.
Agora, apenas é preciso escolher a marcha fúnebre.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ilídio dá toca a Coelho.

Soares Novais


O engº Ilídio Pinho, que foi boss do Passos, disse a um diário que a porta da Fomentinvest está aberta para o seu regresso. Ou seja: o Coelho já tem toca onde se alojar quando for despedido pelos portugueses que empobreceu e desempregou.   Felizmente, e por via da  promessa do comendador de Vale de Cambra, não teremos de lhe pagar subsídio.


Em tempo: Amanhã, um pouco por todo o país, e no dia 29, em Lisboa, todos somos precisos para o mandar para o olho da rua. Não faças como o Soares. Manifesta-te!

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Sobre o média em apuros.

Soares Novais

Tiraram-lhe as cuecas e substituíram-nas por boxers;
Despiram-lhe a camisa 100% poliéster, e enfiaram-lhe uma com 30% de algodão, às risquinhas azuis-e-brancas;
Enfiaram-lhe um fato, cinzento escuro, e colocaram-lhe uma gravata verde ou vermelha  em “pura seda”. E ele, assim, nestes preparos, passou a ser um tipo da classe média. Alta ou baixa.
Um sôtor da classe média. Baixa ou alta, mas da classe média.
Assim, estes sôtores podiam contrariar o destino traçado pelo passado dos pais. O média passou a frequentar os bancos das universidades, que passaram a comercializar cursos à medida da sua classe. Alta ou baixa.

Depois bem depois, deram-lhe crédito. Crédito para comprar casa, “não arrende, compre” lembram-se senhores da classe média? Baixa ou alta.
Um crédito que até dava para rechear a casa com um “bar de sala” e uma pequena estante com livros, que ano após ano continuavam impecavelmente novos.

Depois bem depois, deram à classe média, alta ou baixa, o dinheiro de plástico.
“Viaje agora e pague depois”; “Goze férias no Caribe” e testemunhe como os cubanos são pobrezinhos. Faça como a Virgem Maria: alerte o mundo para os perigos do comunismo.

E a classe média, baixa ou alta, assim fez. Chamou louco a Vasco Gonçalves; riu-se daqueles que lutavam pelo direito ao trabalho com mais e melhores regalias; fez casamentos em quintas e luas-de-mel em paraísos tropicais, que muitas vezes conspurcaram com as suas cuspidelas para o chão.
E alguns destes filhos da classe média, alta ou baixa, vitimaram artistas, cientistas, intelectuais, médicos e quadros classificados que aqui chegaram vindos de Leste.
Colocaram-nos ao seu serviço, sem quaisquer direitos. Em casa e nas obras, pois como um dia ouvi a um desses filhos da puta era chegado o tempo de “sermos nós a explorá-los”.

Por isso, e também por isso, a classe média, alta ou baixa, baixa ou alta, trocou o seu voto por umas palmadinhas nas costas, um isqueiro ou uma varinha-mágica. E, assim, durante todos estes anos, os asnos concessionaram o país a quem os rouba e agora lhes tira as calças cinzentas e lhes arreia os boxers.

Agora, os ladrões que sempre contaram com o seu aplauso e voto legitimador querem que eles, os da classe média, alta ou baixa, baixa ou alta, voltem a ser operários do campo e das fábricas, escriturários, bancários, arquitectos, professores, doutores, a troco de pouco ou quase nada. Tal qual aconteceu com seus pais e avós; e que eles, os da classe média, alta ou baixa, baixa ou alta, renegaram a troco de um casório na quinta, umas férias a prestações no Brasil ou no Caribe, um carro com muitas luzinhas e um apartamento arrendado ao banco por 30 anos e que hoje já muitos não conseguem pagar.









quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O absolutamente indignado Soares.

Soares Novais

“Estou absolutamente indignado. Se não tivesse de ir para o Algarve, que tenho lá obrigações, iria no dia 15 com certeza à manifestação”, disse, hoje,  Mário Soares.
Todavia, apesar de estar tão "absolutamente indignado", o Dr. Soares não hesita um segundo: prefere o sol algarvio a marchar entre trabalhadores, velhos e reformados roubados.
Como se sabe, o dr. Soares foi sempre muito claro nas suas opções.
Os seus amigos norte-americanos que o digam.

A sexta-feira negra.




Baptista-Bastos


 


Na última sexta-feira, Pedro Passos Coelho fez a pública confissão da sua derrota. Um homem acabrunhado, curvado e antigo veio dizer-nos dos novos pesares que teríamos de suportar. O ambiente era denso, sépia e contrito. Ao lado, pendente e sem garbo, a bandeira portuguesa. Dezassete minutos durou a funesta declaração: mais impostos, mais retracção, mais subtracção de salários, mais infortúnio para os velhos, para os reformados, para os pensionistas. Enfim: os portugueses estão irremediavelmente condenados à pobreza, ao passado, à servidão sem mistério nem ambiguidade.
As causas da nossa infelicidade têm sido endossadas a outros. Quem trepa ao poder é imaculado, impoluto e virgem do mais escasso pecado. O caso vertente é uma melancólica repetição. Primeiro, Passos atacou Sócrates, com selvagem persistência; depois, foi-se à troika, e indicou-a como raiz de todos os nossos males; acabou por ultrapassá-la nas decisões; agora, coube a vez ao Tribunal Constitucional, que tentou, em vão, impedir a prática de um crime contra quem trabalha ou trabalhou. O coro de críticas contra o acórdão pertence, ele também, a uma estratégia simbólica de defrontar seja quem se opuser ao Governo. Esta cultura caótica não é casual: faz parte da dispersão do nosso civismo, que permite a impunidade a todos os cambalachos morais.
O certo é que o dr. Passos Coelho e os seus estão metidos numa embrulhada fatal. Além das mentiras graves e das omissões patéticas a que se habituaram, enfiaram o dr. Cavaco, seu aliado preferencial, numa camisa de onze varas. O homem não pode continuar em mutismo formal. As pressões para que interfira não caucionam nenhuma daquelas ambiguidades em que é obstinado. Acontece um porém: se o dr. Cavaco veta ou se opõe às disposições do dr. Passos, a este não resta senão demitir-se. O que parece estar longe dos seus propósitos. Então, que fazer?
As pesarosas explicações do dr. Passos no Facebook acirraram, ainda mais, os rancores, os ressentimentos e, até, os ódios. O documento é torpe nos objectivos, medíocre na gramática e absurdo nos princípios. A manifestação do dia 15, promovida na Internet, sustenta-se nesses desígnios emocionais. Cego, cego, e surdo, surdo, o dr. Passos presume ter criado um valor intrínseco, e favoravelmente contagioso. As recentes declarações do dr. Nuno Crato, cujas tropelias na Educação não se esgotam, são disso exemplo. Quando diz que os professores não irão para a rua protestar, ou confia no medo tornado endémico ou numa salvífica expressão de complacência para com a sua política.
Seja como for, penso que está a encerrar um ciclo, e dos mais agressivos, medíocres e perigosos na sociedade portuguesa. Nada pode preservar da condenação esta gente que se mobilou a si própria com sobranceria e desprezo. Esta gente de coração de gelo.





Nota: crónica publicada hoje na edição do DN

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Leite azedo.

Soares Novais


"Se em 2013 me obrigarem a trabalhar mais de 7 meses só para o Estado, palavra de honra que me piro, uma vez que imagino que quando chegar a altura de me reformar já nada haverá para distribuir, sendo que preciso de me acautelar. É um problema que é só meu, mas esta não é a condição de homem livre!".


Esta frase é de um  amigo do peito da gentinha a quem, alguns, concessionaram o país.
O Leite está fodido e escreveu-o na mesma rede social do seu amigalhaço Pedro.
Por mim pode ir já. Não faz cá falta nenhuma.
Ele, o Leite, é mais um daqueles badamecos principescamente pagos para dizer que é preciso baixar os mais baixos salários da Europa.

Belmiro queixa-se do navegador que apoiou.



Soares Novais

O engenheiro Belmiro disse que em Portugal se faz "navegação à vista" e há "erros permanentes".
Mas o senhor engenheiro, que foi um entusiasta apoiante do navegador de Massamá, até nem se pode queixar: com a descida do TSU as suas mercearias vão ganhar milhões.
Mesmo que a rapaziada  cada vez mais tenha menos dinheiro para gastar.

domingo, 9 de setembro de 2012

"Funeral de Portugal".

César Príncipe


Em 1974, o regime fascista rendeu-se na GNR de Lisboa. A certidão de nascimento do 25 de Abril foi passada no Quartel do Carmo. Em 2012, a GNR de Braga participou no "Funeral de Portugal". Foi uma encenação: o actual Marcelo Caetano não estava refugiado no Comando da Guarda da República. Por razões técnicas, alheias à vontade do público, o espectáculo decorreu sem a presença do artista principal.




Veja aqui o vídeo:

http://www.youtube.com/watch?v=6v5OPkOFHL8&list=UUBcnlwnbwcBP44QlhLhPyow&index=1&feature=plcp

                              

Sorrir ao carrasco.


Soares Novais

A SIC, sempre que passa uma peça sobre "finanças" ou aumento de impostos, exibe imagens do ministro Gaspar a visitar aquilo que me parece ser uma repartição da agora chamada Autoridade Tributária.
O ministro Gaspar é recebido à porta pelo chefe da repartição, encaminha-se para o seu interior e depois, enquanto exibe o seu sorriso à Mr.  Bean, vai apertando a mão de alguns trabalhadores do "fisco".
Os trabalhadores do "fisco", ou seja os funcionátios públicos ao serviço da dita Autoridade Tributária, erguem-se das suas cadeiras e correspondem ao aperto de mão ministerial. Ou seja: são bem educados.
Mas há uma coisa que eu, por mais que tente, não compreendo: é a razão que os leva a mimar o Gaspar com um sorriso, enquanto apertam a mão que ordena os roubos que os vitima. A não ser, claro está, que tenham apreço por carrascos...

sábado, 8 de setembro de 2012

Os funcionários públicos são uns sortudos.



Soares Novais


"Só posso dizer que os sacrifícios são repartidos de forma equitativa. Há quem tenha a desdita de poder amanhã estar desempregado porque uma empresa vai à falência, situação que não acontece num funcionário público, e há quem tenha a desdita de em algumas remunerações ser um bocadinho mais prejudicado, porque mantém o emprego, porque tem outras situações no seu regime jurídico que são facilitadoras da manutenção do emprego."

O autor desta frase, verdadeiramente reveladora da cabecinha pequenininha de quem a diz,
é  José Pedro Aguiar-Branco.  O ministro com cabelo grisalho, falsamente revolto, que mais parece um desses engravatados comissionistas ao serviço da "Remax" que colocam cartazes com as suas fotos nos apartamentos e casas que cada vez mais vendem menos.
A frase foi dita à saída de uma reunião de "laranjinhas" que decorreu em Barcelos e não há registo que nada de mal lhe tenha acontecido.  Sorte diversa teve o seu colega da SS, aquele jovem que foi tomar posse de "lambreta".
Em Ponte de Lima, o jovem ex-lambreteiro, foi apupado e teve mesmo direito a uma banhoca, quando dois dos elementos que integravam um dos carros alegóricos em desfile, resolveram brindar a importante e selecta tribuna de honra com umas valentes mangueiradas.
O ministro da SS não comentou os apupos e a banhoca com que, pasme-se!, foi brindado naquela que é a única autarquia liderada pelo seu partido - o CDS  do espertalhaço Portas.





Analfabetos poderosos.

Soares Novais


"Há quase um milhão de portugueses sem qualquer nível de escolaridade". O alerta  é da Associação Portuguesa de Educação e Formação de Adultos (APEFA).
APEFA que revela também:
- 49,1% da população com mais de 15 anos não possuí o 9.º ano de escolaridade e 25,5% tem apenas o 1.º ciclo do ensino básico.
Ora se juntarmos a estes, aqueloutros que, mesmo sabendo escrever e ler,  pouco mais consomem do que os jonais nos cafés e as sebentas escolares - secundárias e universitárias - fica-se a perceber melhor a razão que os levam a carregar até ao poder quem os fode.
A não ser claro, está, que se oponham a que os mais sábios e melhores de nós se ocupem da gestão das nossas vidas e do país.  Por via de um qualquer e inexplicável complexo de ... inferioridade, já se vê!

Ignorantes e vingativos.

Soares Novais


“Não é porque o trabalho se desvalorize, não é porque se paguem baixos salários que se cria emprego. O emprego cria-se de outra maneira, mas esta gente não sabe o suficiente para entender isso. Julga que é diminuindo o valor do trabalho”.

.
"Quando em Portugal os salários eram baixos, eram vilmente baixos, não se criava emprego em Portugal, as pessoas emigraram. Estou a falar de todo o século passado até 1974".



Estas frases são assinadas pelo director da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, José Reis. E são parte das sua declarações  à "Lusa",  logo após o roubo, mais um!, anunciado por Passos,
É certo que "esta gente não sabe o suficiente".
Mas é, também,  cada vez mais certo e evidente, mesmo para aqueles que com o seu voto a colocaram no poleiro, que esta gente quer-se vingar de Abril e Maio, das conquistas de Abril e Maio, e colocar o país nas mãos de meia dúzia de escalavagistas privilegiados.  Tal qual acontecia no tempo da Outra Senhora.
Temos de os impedir.  Enchendo as ruas e praças com a fimeza da nossa razão e a justeza da nossa luta.



sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Cuidem-se. Há mais roubo.



Soares Novais

As edições digitais dos jornais anunciam com histeria: Passos fala antes do futebol.
Cuidem-se. O próximo roubo está pré-anunciado.
Mas, agora, não calem a revolta com a droga da bola...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Relvas faltou à aula da amiga Cândida.

Soares Novais

O sôtor Relvas, que agora figura no Portal do Governo sem qualquer referência ao seu creditado curso, não participou em mais uma edição da “Universidade de Verão” do seu partido.
Uma ausência que só espantará aqueles que desconhecem o facto de Relvas ser pouco dado a frequentar os “bancos da escola”.
Ele, o sôtor Relvas, é um homem de acção - assim a modos como que um verdadeiro Rambo. Um Rambo do telemóvel!
Provam-no os 30 mil euros pagos pela Câmara de Tomar, que lhe cedeu o aparelho quando exerceu as funções de presidente da Assembleia Municipal; bem como o sábio linguarejar que sempre exibe quando tem de falar em público.
Contudo, mesmo que nunca o venha a confessar publicamente, o sôtor Relvas deve lamentar,  agora,  a sua ausência na “universidade” daquele que é um dos mais generosos e melhores empregadores nacionais.
E explico porquê: a magistrada Cândida Almeida, que dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP),  deu uma “aula” onde, após um discurso desequilibrado ou desarticulado das ideias, concluiu ser injusto considerar “a classe política corrupta”.
Uma afronta só possível a quem aceita participar numa iniciativa de um dos partidos governamentais e se marimba para o respeito que deve às mulheres e homens que trabalham no DCIAP.
Ou simplesmente uma desonestidade intelectual e moral de quem está a fazer caminho para ocupar a cadeira que o seu amigo Pinto Monteiro deixará vaga em breve.
Uma coisa é certa: o sôtor Relvas, Dias Loureiro e Duarte Lima, o engenheiro Sócrates e o antigo delegado do Ministério Público Isaltino Morais, só para citar alguns, terão em linha de conta tão importante alento da amiga Cândida.





 
Em tempo: A RTP já tem um novo presidente. É Alberto da Ponte. Ou seja: aquele que disse ser "Passos Coelho o melhor primeiro-ministro desde Sá Carneiro". Ponte também integrou a embaixada que foi a Angola mendigar apoio sob a batuta do sôtor Relvas.  É, pois, um homem de absoluta confiança da dupla Passos/Relvas. O que dá para perceber qual é a missão para que foi escolhido: liderar a Comissão Liquidatária que, mais tarde ou mais cedo, entregará um bem de todos nós a mais um amigo privado.