1 – A inauguração da estátua de Nuno Santa Maria, que também foi o cavaleiro militar D. Nuno Álvares Pereira, constituiu uma verdadeira charanga. Tão barulhenta e desafinada foi.
O convidado especial faltou à cerimónia promovida pela Santa Casa da Misericórdia de Barcelos (SCMB); mandou a sua subsecretária, que entrou muda e saiu calada; o edil foi vaiado, pois continua por cumprir a sua promessa de baixar o preço da água; uma familiar do antigo provedor Mário de Azevedo, que decidiu encomendar a estátua, foi impedida de falar; e um coronel, considerado especialista em história militar, que devia fazer o elogio de D. Nuno, fez um longo discurso a clamar contra a “quadrilha”, isto é, contra o povo de Barcelos.
Povo de Barcelos que aproveitou a presença de tanta ilustre gente para protestar contra as medidas que o empobrece e que, como se sabe, merecem o apoio de Portas – o tal convidado especial que à
última da hora não apareceu.
última da hora não apareceu.
2 – Dizem as notícias que “o povo foi afastado dos ilustríssimos convidados por um significativo cordão policial, grades e vasos.” Mas isso não impediu o povo de gritar o que lhe vai na alma: “Portas ladrão, o teu lugar é na prisão”; “Gatunos”; “Está na hora do Governo ir embora”; e outros mimos que, cá para nós que ninguém nos houve, são inteiramente justificados pelo facto de minhotos e nortenhos encabeçarem a longa lista daquela que é actualmente a maior empresa portuguesa: Desemprego SA. Sociedade anónima sim, pois ignora os vivos e assinala os mortos.
Por isso clamou contra as injustiças e fez “ouvidos de mercador” às acusações que lhe foram dirigidas por um coronel que, do alto do seu saber, os acusou de ser uma “quadrilha”.
Para mim, o senhor coronel, que chegou a afirmar que “se Portugal quer a democracia conduzida à perda da independência nacional, então maldita que seja a democracia e eu sou o primeiro a ir acabar com ela”, tem graves problemas de compreensão e visão:
- Não é o povo que conduziu o país para a perda da independência nacional; e não foi o povo que “encheu os bolsos” com o BPN e muitos outros negócios de igual quilate.
Nota final: O filme “Cônsul de Bordéus” já está em exibição. Foi rodado em Viana do Castelo e retrata a enorme coragem e entrega pessoal do diplomata Aristides de Sousa Mendes, que contrariando Salazar, atribuiu trinta mil vistos a refugiados perseguidos pelo regime nazi em 1940. O cônsul foi expulso da carreira diplomática e morreu na miséria. A Casa do Passal, em Cabanas de Viriato, onde nasceu e hoje alberga a Fundação Aristides Sousa Mendes, encontra-se numa situação de ruína iminente. Urge dignificar e perpetuar a sua memória.
Crónica publicada no dia 13 de Novembro no
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