Soares Novais
1 - Os Conselhos Directivos e as Juntas de Freguesia da Região do Alto Minho estão contra a intenção governamental de transferir a gestão dos baldios para as Comunidades Intermunicipais (CIM’s).
E dizem-no, claramente, em carta enviada ao secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Daniel Campelo, minhoto de Ponte de Lima, que bem conhece a importância dos baldios da região.
Para aquelas entidades a transferência da gestão dos baldios para as CIM’s significa “roubar” este importante património aos seus legítimos donos que são os compartes.
Os baldios, que são terrenos sem dono individual e dos quais os vizinhos de um ou mais povoados podem tirar proveito de “acordo com a natureza do terreno e respeitando os usos”, são património secular do povo e bolsas de resistência de muitas aldeias da região, que teimam em sobreviver ao isolamento e ao profundo êxodo rural que as afecta. E são, também, bolsas de reconhecida importância económica social e ambiental dos espaços comunitários.
2 – Quem também manifesta as suas preocupações por escrito é o presidente da freguesia de Sá, em Monção. E fá-lo em e-mail enviado aos deputados do CDS/PP e do PSD, que representam o Alto Minho.
Solicitando uma audiência “com carácter de urgência”, o autarca de Sá quer “sensibilizar” e alertar os deputados do Alto Minho para o impacto que o Orçamento de Estado para 2013, aprovado na generalidade, poderá ter no país e na região.
Na missiva electrónica, o presidente da Junta de Freguesia de Sá aponta um “conjunto de medidas” que, diz, podem conduzir “o nosso Distrito de Viana do Castelo” para “uma recessão histórica.”
O líder da freguesia de Sá pretende ainda debater a actual situação do sector da Restauração e Hotelaria, “ferido de morte, mercê do aumento do IVA para 23% e da redução do consumo”, numa região turística por excelência.
3 - As cartas já chegaram aos seus destinatários.
Resta agora saber se Campelo e os deputados populares e social-democratas alto-minhotos querem ouvir as angústias e apoiar os alertas dos seus conterrâneos e eleitores;
ou se preferem fazer ouvidos de mercador e apenas escutarem as directrizes do dueto Passos & Portas - mesmo que isso signifique atirar “drástica e violentamente a nossa região para a pobreza”, tal qual afirma o autarca de Sá.
Crónica publicada no dia 6 de Novembro no semanário
Nenhum comentário:
Postar um comentário