segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O silêncio cúmplice de Campos Ferreira.

 Soares Novais


1 -  Luís Campos Ferreira deu uma extensa entrevista, ao suplemento de Economia de dois diários nacionais, mas não fez uma única referência ao futuro dos Estaleiros e dos seus trabalhadores.
Estranho tal silêncio.
E explico porquê:
O deputado laranja,  preside  à  Comissão de Economia e Obras Públicas da Assembleia da República,  é natural do Distrito de Viana do Castelo e em meados de Outubro liderou uma visita de deputados ao Alto Minho para que os eleitos pelo povo ficassem “a conhecer os problemas reais da Região e da população”.
“Temos de ter a frontalidade de nos encontrarmos com a comissão de trabalhadores e com a administração dos Estaleiros para reflectirmos sobre o presente e o futuro da empresa”, disse, então, Luís Campos Ferreira que acrescentou:
-  Os Estaleiros fazem parte da afirmação histórica do distrito.
Um mês após a visita  parlamentar,   e quando este horrível ano de 2012 caminha para o fim e o futuro dos trabalhadores do maior construtor naval nacional continua recheado de perturbadoras e negras nuvens, impunha-se  que Luís Campos Ferreira aproveitasse a oportunidade para dar a conhecer a sua opinião, pois como disse na entrevista “a Economia não são só folhas de Excel”.
Não o fez.
E não o fazendo o seu silêncio torna-se cúmplice.
Cúmplice das maldades que se anunciam.

2 -  Entretanto, e segundo notícia a edição on-line do SOL, o ministro da Defesa quer que a Procuradoria-Geral da República, apure todas as responsabilidade que envolveram a recusa da açoriana Atlanticoline em receber o navio encomendado aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC).
Relembro: a empresa pública dos Açores acabou por recusar o navio, com capacidade para 750 passageiros, entretanto construído, alegando que não cumpria o exigido no caderno de encargos, nomeadamente, quanto à velocidade, menos 2 nós.
O ministro da Defesa, que falava na audição sobre o Orçamento do Estado sobre Defesa, na semana passada, concordou com as críticas feitas pelo PCP a este processo, questionando mesmo: «Como é possível que o Governo socialista tenha feito um acordo com outro Governo socialista para prejudicar os ENVC?».
O  acordo,  conseguido através do tribunal arbitral, impõe aos ENVC o pagamento de uma indemnização de 40 milhões de euros à empresa pública açoriana e implicou ainda a desistência de um segundo navio, o Anticiclone, cuja construção estava numa fase inicial.
Como se vê, por mais este caso, aos trabalhadores dos Estaleiros poucas ou nenhumas culpas podem ser assacadas pelo naufrágio que atirou o transatlântico ENVC para o mais fundo dos mares.
Outros o fizeram.
E  fizeram-no  para,   agora,  o resgatar  e entregar a troco de “dez reis de mel coado”.  Como se verá muito em breve.


Crónica publicada no dia 27 de Novembro no semanário

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